terça-feira, 11 de junho de 2019

TERCEIRA ADVERTÊNCIA CONTRA A APOSTASIA Capítulos 5:11-6:20 O Perigo da Imaturidade Espiritual


TERCEIRA ADVERTÊNCIA CONTRA A APOSTASIA
Capítulos 5:11-6:20

O Perigo da Imaturidade Espiritual

O escritor faz uma pausa para dar uma importante advertência contra a apostasia nos capítulos 5:11-6:20. Essa digressão, como os outros desvios do assunto relativos à apostasia na epístola, pode ser vista como um parêntese. (Veja Synopsis of the Books of the Bible, de J. N. Darby, sobre Hebreus 6).
Vs. 11-12 – O autor percebeu que o assunto referente ao sacerdócio de Melquisedeque poderia ser difícil para os hebreus entenderem e vincula o problema à imaturidade espiritual deles. Eles haviam sido impedidos em seu crescimento espiritual e isso trouxe uma repreensão da seguinte forma: “Do qual (Melquisedeque) muito temos que dizer, de difícil interpretação, porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus [princípios elementares dos oráculos de Deus – AIBB]; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento”. Eles demoraram a entender a revelação Cristã da verdade, e isso aconteceu porque foram prejudicados por suas antigas associações judaicas. Eles estavam apegados aos elementos fracos e empobrecidos do judaísmo (se não na prática, pelo menos no coração), e isso dificultou a entrada deles nos princípios mais simples do Cristianismo. Um julgamento governamental de cegueira havia sido lançado sobre aquela religião terrena (judaísmo) que havia sido invocada pelo próprio Senhor quando Ele estava na cruz (Salmo 69:22-23). Permanecerem em comunhão com aquela religião significava que eles herdariam a cegueira que vinha junto com ela. Isso evidentemente estava começando a ter efeito entre eles. Compare também 2 Coríntios 3:14-16.
Assim, o escritor viu os hebreus como crianças espirituais, precisando aprender os elementos básicos do evangelho novamente. Os coríntios haviam sido atrofiados em seu crescimento e eram considerados “criancinhas (AIBB) por causa de sua carnalidade (1 Co 3:1). Esses hebreus também eram considerados “criancinhas [bebês – JND], mas foi por causa de sua legalidade (Hb 5:13). Eles precisavam ser novamente instruídos em coisas que ele chama de “os primeiros rudimentos [princípios elementares dos oráculos de Deus – AIBB]. Esses são os ensinamentos elementares de Cristo em conexão com o fato d’Ele ser o Rei e o Messias de Israel. É a linha da verdade que surgiu em Seu ministério terreno antes da cruz – essencialmente aquilo que é encontrado nos evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas). W. Kelly disse: “Essas [coisas] qualificadas como ‘o princípio dos oráculos de Deus’ significam o que Deus deu em Cristo aqui embaixo, aquém da Sua redenção e de Seu lugar celestial, com o dom do Espírito, o que dá ao Cristianismo seu verdadeiro caráter distinto” (The Epistle to the Hebrews, pág. 97). Ele também disse: “O que realmente significa aqui na ‘palavra do princípio de Cristo’ é o que foi revelado nos dias da Sua carne e, no devido tempo, registrado como Seu ministério nos Evangelhos” (The Epistle to the Hebrews, pág. 101).
O fato de que os hebreus “ainda” precisavam ser ensinados sobre esses primeiros princípios indica que eles haviam regredido. Eles sabiam e haviam aceitado que o Senhor Jesus era o Messias, mas de alguma forma eles ficaram confusos sobre essas coisas e pareciam estar questionando isso. Como resultado, eles precisavam ser ensinados sobre todas aquelas coisas de novo. Isso mostra que, se não seguirmos na verdade que Deus nos deu, nos distanciaremos dela. Se não progredirmos, regrediremos. Os hebreus estavam hesitando, e as coisas estavam ficando nebulosas em suas mentes, e isso acabaria levando-os a voltar atrás em suas convicções.
Vs. 13-14 – O escritor prossegue dizendo: “Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos [adultos – AIBB]. Ele faz uma correlação interessante aqui entre “leite” e “mantimento sólido”. Se o leite corresponde à verdade nos Evangelhos, como notamos, então o mantimento sólido é a revelação completa da verdade do Cristianismo, como encontrada nas epístolas. Essas duas coisas (leite e mantimento sólido) são distinguidas pelo Senhor em João 14:25-26. Ele chamou a verdade em Seu ministério de estas coisas” (TB), e chamou a verdade que viria depois da descida do Espírito de todas as coisas”. A última refere-se à plena revelação da verdade no Cristianismo. O escritor não fala depreciativamente de leite – ele reconhece que tem seu lugar nos estágios de desenvolvimento do crescimento da alma, mas fica claro, pela maneira como ele fala de alimentos sólidos, que é aquilo que realmente deseja para os santos.
Então ele diz: “os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal”. Nesta declaração, ele alude a como uma pessoa passa de um simples bebedor de leite para alguém capaz de comer mantimento sólido. Isto é, como alguém faz progresso espiritual e se torna um Cristão adulto (maduro). Isso é alcançado pelo manejo frequente da verdade, como ele diz aqui – “em razão do costume”. Isso significa que, se nos aplicarmos ao aprendizado da revelação Cristã, seremos recompensados com um entendimento dela. Os evangelhos apresentam a verdade do reino, mas não revelam o Cristianismo. O Cristianismo nem mesmo começou até que houvesse um Homem no céu (At 1) e o Espírito de Deus tivesse sido enviado para habitar nos crentes (At 2). Veja João 7:39. As epístolas foram escritas desta perspectiva e nos dão nossa posição Cristã completa. Isto significa que se uma pessoa se concentra nos Evangelhos, negligenciando a verdade nas epístolas, ela será prejudicada em seu crescimento espiritual. Portanto, devemos dar atenção à verdade nas epístolas; é nosso fundamento. É o que nos estabelece na fé Cristã.
Ao acrescentar: “Para discernir tanto o bem quanto o mal”, ele mostra que o crescimento e o progresso nas coisas espirituais não é meramente ter um entendimento intelectual da verdade – o discernimento moral nas coisas práticas também se desenvolverá. Isso é importante; mostra que a verdade deveria ter um efeito moral sobre nós. Não apenas devemos agarrar a verdade (intelectualmente), mas a verdade deve nos agarrar (moralmente). Isso, diz ele, vem ao sermos “exercitados” sobre a verdade que aprendemos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário