terça-feira, 11 de junho de 2019

O Testemunho do Espírito


O Testemunho do Espírito

Vs. 15-18 – O testemunho do Espírito é mencionado a seguir como sendo o meio pelo qual o crente sabe que foi abençoado por meio da obra consumada de Cristo. O escritor diz: “E disto nos dá testemunho também o Espírito Santo”. Este “testemunho” que o Espírito dá não é um sentimento caloroso que Ele cria no coração do crente – como alguns dizem, “eu tenho um ardor em meu peito”, mas é o que Ele tem dito nas Escrituras. A maneira pela qual sabemos que somos “santificados” (separados para Deus para bênção) e “aperfeiçoados” por meio da morte de Cristo é pela nossa aceitação por fé do que o Espírito declarou nas Escrituras sobre os crentes.
O aspecto da obra do Espírito Santo ao qual o escritor está se referindo aqui não é Sua habitação – embora isso seja certamente verdadeiro para todo crente nesta dispensação (1 Ts 4:8; Ef 1:13, 4:30, etc.) Note cuidadosamente: ele diz que o testemunho do Espírito é “para” nós (“no-lo testifica”), não em nós. Assim, são afirmados fatos que o Espírito fez nas Escrituras, não sentimentos subjetivos produzidos em nós. Não deveríamos ficar atentando aos nossos sentimentos para ter certeza de nossa bênção, pois nossas emoções e sentimentos estão sempre mudando. É somente o que o Espírito de Deus tem “dito [dito antes – KJV] na Palavra de Deus que nos dará essa certeza. (Romanos 8:16 fala de o Espírito testificar “com o nosso espírito” e 1 João 5:10 fala de se ter o testemunho “em si mesmo” – mas esses são aspectos diferentes que não estão sendo vistos aqui).
Ao afirmar “dito antes” (v. 15 – KJV), o escritor está se referindo ao que o Espírito Santo escreveu outrora em Jeremias 31 a respeito das bênçãos espirituais do novo concerto. Como essa é uma das epístolas judaico-Cristãs, as bênçãos em vista são particularmente as bênçãos do novo concerto, em vez das distintas bênçãos Cristãs “em Cristo”, mencionadas nas epístolas de Paulo (Ef 1:3). Essas bênçãos do novo concerto não são exclusivas para os Cristãos, mas são propriedade comum de todos os nascidos de Deus que creem em Cristo – incluindo os remanescentes redimidos de Israel e os gentios crentes no dia milenar vindouro (Ap 7). Uma vez que os termos do novo concerto foram citados extensamente no capítulo 8, o autor não vê que seja necessário citá-los novamente aqui. Por isso, ele os abrevia, enfatizando uma bênção em particular – Dos seus pecados e das suas iniquidades não Me lembrarei mais(TB). “Pecados” são atos que fizemos e “iniquidades” são as disposições pecaminosas de nosso coração (Sl 41:6, 66:18, 78:37-38; Is 32:6, 59:7; Mt 23:28; At 8:22-23). Isso mostra que Deus assumiu todo o nosso caso – desde a concepção de nossos atos pecaminosos em nossos corações até os atos reais – e tratou com isso completamente na obra expiatória de Cristo. Assim, Ele não apenas remove nossos pecados de nossas consciências, mas também remove cada lembrança deles de Sua mente!
Notemos que ele não coloca nenhuma qualificação sobre os tipos de pecados que são perdoados aqui, como foi o caso sob o concerto legal. Sob esse sistema, somente “pecados de ignorância” (ARA) poderiam ser perdoados (Hb 9:7), e somente de maneira governamental. Em contraste com isso, os pecados que o sacrifício único
 de Cristo pode perdoar – e perdoar eternamente – não são apenas pecados de ignorância, mas os pecados intencionais também! “O sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1:7). Quão maravilhoso é, de fato, porque ninguém pode alegar ter pecado apenas ignorantemente!
Muitas pessoas pensam que a declaração “Dos seus pecados e das suas iniquidades não Me lembrarei mais” (TB) significa que Deus Se esquece os pecados do crente. No entanto, “não Me lembrarei mais” não é o mesmo que Se esquecer. Podemos usar clichês cativantes como: “Nossos pecados são perdoados, esquecidos para sempre”, mas isso inadvertidamente liga uma fraqueza humana ao trato de Deus com nossos pecados. A verdade é que Deus tem uma base justa sobre a qual Ele agiu para aniquilar nossos pecados – a obra consumada de Cristo. Com base nisso, Ele pode conscientemente removê-los de Seus pensamentos quanto ao julgamento eterno porque o preço foi pago por eles na morte de Cristo. Este é um ato divino de justiça, não uma fraqueza humana do esquecimento. Relacionar a fraqueza humana a Deus quanto a essa questão implica que Ele tratou com nossos pecados de uma maneira descuidada. Tomado literalmente, não dá ao crente qualquer confiança real de que seus pecados foram tratados adequadamente. Se Deus Se esqueceu deles, talvez Se lembre deles novamente algum dia! E daí como ficaria? Alguém escreveu para J. N. Darby perguntando sobre isso em conexão com Hebreus 10:17. Ele respondeu: “Não é como se Deus tivesse esquecido as coisas, mas que não Se lembra delas – mantendo-as em Sua mente e sendo contra elas de qualquer forma” (Letters, vol. 3, pág. 371).
O tribunal de Cristo mostra que Deus ainda tem um registro de toda a nossa vida, incluindo nossos pecados. Naquele momento, as coisas “boas” e “más” em nossas vidas serão revisadas. Isso incluirá as coisas feitas antes de sermos salvos, pois a revisão será de coisas feitas em nossos corpos, e certamente estávamos em nossos corpos antes de sermos salvos (2 Co 5:10). Esta revisão não poderia ser feita se Deus excluísse partes de nossas vidas da Sua memória. A resposta simples é que Ele ainda tem conhecimento do que somos e do que fizemos, mas baseado na eficácia da obra consumada de Cristo, não mais Se lembrará deles para julgamento.
V. 18 – A conclusão de toda essa discussão a respeito do superior sacrifício de Cristo, que o escritor seguiu cuidadosamente nos capítulos 9 a 10, é que, uma vez que agora existe a “remissão” eterna dos pecados na obra expiatória de Cristo, “não há mais”, portanto, necessidade das ofertas levíticas de pecado para serem sacrificadas. Ficaram obsoletas.
Esta declaração encerra a parte doutrinal da epístola.

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