terça-feira, 11 de junho de 2019

O Novo e Vivo Caminho de Acesso ao Santo dos Santos


O Novo e Vivo Caminho de Acesso ao Santo dos Santos

Cap. 10:19-22 – Visto que todos os crentes são sacerdotes, somos exortados: “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário [Santo dos santos – ARA], pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela Sua carne, e tendo um Grande Sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos ... ” Esta primeira exortação considera os crentes no Senhor Jesus como uma companhia de sacerdotes que têm privilégios e liberdades que os sacerdotes do Velho Testamento não tinham. Somos, portanto, encorajados a nos valer dessa tremenda liberdade de acesso à presença de Deus e a “entrarmos no santíssimo lugar” (AIBB) com “ousadia” no espírito de oração e louvor. Este grande privilégio é nosso devido à eficácia do “sangue de Jesus” – um sinal de Sua obra consumada.
O Senhor entrou no santuário celestial “pelo” (TB) poder (virtude) de Seu sangue (cap. 9:12), e agora podemos entrar “pelo” poder (virtude) de Seu sangue (cap. 10:19). Ele entrou fisicamente; nós entramos em espírito. Uma vez que não é possível para nós, na condição atual de nossos corpos, subir ao céu literalmente, é óbvio que o escritor quer dizer que isto deve ser feito em espírito, pois a verdadeira adoração Cristã é em “espírito” e de acordo com a nova revelação da “verdade” (Jo 4:23). Na velha administração levítica, as pessoas certamente oravam e adoravam a Deus, mas não tinham o entendimento quanto à aceitação (uma bênção Cristã) e, portanto, a liberdade que a obra consumada de Cristo dá aos crentes. O resultado foi que foram mantidos a uma distância consciente de Deus. Isso é exprimido no sistema do tabernáculo pelo fato de o povo adorar do lado de fora do santuário (Lc 1:10).
V. 20 – O escritor chama esse meio de aproximação à presença de Deus de o “novo e vivo caminho”. É “novo” porque não é uma alteração ou um adendo à velha ordem judaica, mas uma coisa inteiramente nova. A Cristandade, historicamente e atualmente, não entendeu isso. Os serviços da igreja em toda parte são compostos de uma mistura de adoração Cristã e a antiga ordem judaica de adoração. O resultado é um híbrido dessas duas ordens contrastantes, que não são nem verdadeiramente judaicas, nem verdadeiramente Cristãs. Essa ordem de aparência judaico-Cristã não é nada daquilo que Deus pretende para os redimidos pelo sangue de Cristo. De fato, Ele critica a ideia de misturar as duas ordens (Hb 13:10).
Essa nova ordem de adoração também é chamada de “viva”, porque a pessoa precisa ter uma nova vida (por meio do novo nascimento) para participar dela. Na ordem judaica do Velho Testamento, uma pessoa não precisava ter vida divina para desfrutar do que via e ouvia e da grandeza da adoração no templo; podia participar sem ser nascido de novo!
Este novo e vivo caminho Ele “nos consagrou [dedicou – JND], pelo véu, isto é, pela Sua carne”. Isto simplesmente significa que para podermos nos aproximar da presença de Deus como adoradores purificados, o véu (uma figura do corpo de Cristo) tinha que ser rasgado. Isto é, Cristo teve que morrer. Assim, não foi a Sua vida perfeita como Homem que abriu o caminho para nós à presença de Deus – foi a Sua morte. Além disso, esse privilégio que temos custou a Deus a entrega de Seu Filho. Saber isso deveria nos levar a tratá-lo com grande apreço. Nossa liberdade de acesso não é tão somente uma bênção, mas um privilégio baseado em nossas bênçãos.
V. 21 – Para nos encorajar a entrar na presença de Deus, o escritor nos lembra de que no Senhor Jesus Cristo temos “um Grande Sacerdote sobre a casa de Deus”. Como um “Sumo” Sacerdote, Ele está lá para nos ajudar, intercedendo por nós, mas como um “Grande” Sacerdote, Ele preside a casa de Deus e assim tem a responsabilidade de tudo o que acontece na casa. Isso corresponde ao papel que Aarão teve na antiga ordem levítica ao levar “a iniquidade das coisas santas” em “todas as ofertas” que os filhos de Israel trouxeram a Deus (Êx 28:36-38). Ele usava “uma mitra [turbante] que tinha uma placa de ouro com as palavras inscritas: “SANTIDADE AO SENHOR” (ARF). Se algum dos filhos de Israel trouxesse inadvertidamente algo em suas ofertas que não estivesse de acordo com a ordem devida, Aarão suportaria a iniquidade disso, mas não o ofertante. Isso foi dado para encorajar as pessoas a virem com suas ofertas. Da mesma forma, no novo e vivo caminho, temos um Grande Sacerdote que conduz todas as nossas orações e louvores, e os apresenta a Deus perfeitamente (Hb 13:15; 1 Pe 2:5). E, se oferecermos algo em nossa adoração que não esteja de acordo com a verdade, Ele cuidará disso e removerá o que não é aceitável. (Compare com Levítico 1:15-16.) Ter um Grande Sacerdote sobre a casa de Deus servindo dessa maneira deveria nos encorajar a responder mais livremente à exortação “cheguemo-nos” para oferecer nosso louvor e adoração. Podemos fazer isso com confiança, sabendo que temos essa segurança contra falhas.
V. 22 – O escritor menciona então quatro coisas que capacitam o crente a se aproximar de Deus como sacerdote; duas têm a ver com a nossa posição perante Deus e duas têm a ver com o nosso estado.
Quanto à nossa posição, temos nosso “corpo lavado com água pura” (TB). Como já mencionado, essa é uma figura retirada da lavagem dos sacerdotes em sua consagração (Êx 29:4). Ela tipifica a limpeza que temos como resultado do novo nascimento (Jo 3:5, 13:10, 15:3). O Espírito de Deus aplicou a água da Palavra de Deus em nossas almas e assim comunicou uma nova vida para nós. O resultado é que estamos “limpos todo o tempo” porque essa nova vida é santa (Jo 13:10). Também temos nossos “corações aspergidos” (KJV). Esta é outra figura retirada da aspersão dos sacerdotes com sangue na sua consagração (Êx 29:20-21). Ela tipifica a limpeza judicial que temos por meio da fé na obra consumada de Cristo – da qual Seu sangue é um sinal. Isso resulta no crente tendo uma consciência purificada (Hb 9:14, 10:2). Assim, o crente no Senhor Jesus Cristo tem uma dupla limpeza, significada pelos dois agentes divinos de limpeza que fluíram do lado do Senhor na cruz – o sangue e a água (Jo 19:34).
Em João 19:34, o “sangue” é mencionado antes da “água”, porque está registrando o fato histórico; enquanto em 1 João 5:6-8, a água é colocada antes do sangue, porque se refere à ordem de sua aplicação na vida dos homens. Um é o lado de Deus e o outro é o do homem. Perante os olhos de Deus, o sangue deve vir primeiro. É requerido para que os homens sejam abençoados. Todas as obras de Deus pela Sua Palavra e Seu Espírito no novo nascimento dependem de Cristo e têm em vista Cristo entrando no mundo e pagando o preço pelo pecado – do qual fala o sangue. J. A. Trench disse: “Um dos soldados com uma lança perfurou o Seu lado, e imediatamente saiu ‘sangue e água’ (Jo 19:34). Esta é a ordem histórica, e nela vem o sangue em primeiro lugar, como base de tudo para a glória de Deus e nossa bênção. Na ordem de aplicação para nós, como diz João em sua epístola (1 Jo 5:6), a água vem primeiro: ‘Este é aqu’Ele que veio por água e por sangue ... e é o Espírito que dá testemunho” (Scripture Truth, vol. 1, pág. 22).
O escritor menciona então duas coisas práticas que são necessárias para o crente atuar na presença de Deus como sacerdote. Ele fala da necessidade de ter “um verdadeiro coração”, que é um coração que julgou a si mesmo (1 Co 11:28, 31). Por outro lado, um coração cheio de malícia que cobre seu real estado não é um coração verdadeiro. Assim, precisamos ter um coração “verdadeiro” quando nos aproximamos de Deus em adoração (Hb 10:22) e um coração “honesto” quando lemos Sua Palavra (Lc 8:15). O escritor também menciona ter “inteira certeza da fé”. Isso não se refere à certeza da salvação, mas à confiança que temos em nos aproximar de Deus em fé porque temos uma dupla limpeza e nos julgamos a nós mesmos.
Assim, as duas primeiras coisas (“corpos lavados” e “corações aspergidos”) fazem de nós sacerdotes e as duas segundas (“um verdadeiro coração” e “inteira certeza de fé”) nos tornam sacerdotais. Os dois primeiros estão relacionados com a nossa posição diante de Deus e os dois últimos têm a ver com o nosso estado de alma. Os dois últimos podem explicar por que há ocasiões em que apenas alguns irmãos exercitam seu sacerdócio audivelmente em uma reunião – alguns dos sacerdotes presentes podem não estar em estado sacerdotal para fazê-lo. A resposta não é estabelecer uma casta de homens para fazer a oração pública, etc., como é feito na Cristandade, mas julgar a nós mesmos para que o Espírito de Deus seja livre para nos conduzir nas reuniões em oração pública e louvor.

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