O Perigo de Não Ouvir a Voz de Deus Vinda do Céu
Vs. 16-27 – O escritor
faz uma digressão pela última vez para advertir novamente contra a apostasia.
Desta vez, é em conexão com a recusa em ouvir a voz de Deus vinda do céu.
Ele
falou do “manco”, agora ele se vira
para falar do “profano”. Esta é uma
classe diferente de pessoas. Como já mencionamos, um que é manco é um crente
espiritualmente fraco cujo andar é prejudicado de alguma forma, enquanto uma
pessoa profana é um crente meramente professo que finalmente acabará apostatando.
Ele mostra aqui que um apóstata geralmente será conhecido por imoralidade e/ou
profanação em sua vida. Menciona Esaú como exemplo de um profano. Não é dito
que Esaú era um fornicador, mas diz que era uma pessoa profana. J. Flanigan
disse: “Não é nem implícito nem provado aqui que Esaú era um fornicador” (What the Bible Teaches, Hebrews, pág.
265). W. Kelly disse: “Pode se apresentar de várias formas e aqui especificamos
impureza carnal e profanidade, ambas intoleráveis onde Deus está e é conhecido.
Do último mal (profanação) Esaú é o exemplo, que por uma refeição vendeu seu
direito de primogenitura” (The Epistle to
the Hebrews, págs. 245-246).
Profanidade é tratar
coisas divinas e sagradas como se fossem comuns. Esaú provou sua profanidade
trocando seu direito de primogenitura por uma refeição comum! (Gn 25:29-34)
Estava disposto a trocar sua bênção em troca de um momento de gratificação!
Isso nos mostra o que achava de seu direito de primogenitura. O escritor então
diz: “Porque bem sabeis que, querendo
ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de
arrependimento, ainda que, com lágrimas, o buscou”.
A palavra “depois” neste versículo
refere-se a um tempo depois na vida de Esaú, quando seu pai Isaque era um homem
velho e queria abençoar seus filhos antes de morrer. Como sabemos, seu irmão
Jacó entrou e enganou seu pai e roubou-lhe a bênção (Gn 27). Quando Esaú
percebeu o que havia sido feito, tentou, mas não conseguiu encontrar uma
maneira de provocar “arrependimento”
– isto é, uma mudança de ideia (que é o significado de arrependimento) no que
seu pai havia pronunciado a respeito da bênção. Mesmo que Esaú “com lágrimas, o buscou”, não podia
reverter o resultado; a bênção tinha sido invocada sobre seu irmão Jacó (Gn
27:38). Suas lágrimas eram por ter perdido a bênção; não eram porque era um
homem arrependido em relação à sua vida pecaminosa. Ele chorou, não porque era
um pecador, mas porque era um perdedor. W. Kelly disse: “Não foi arrependimento
que Esaú buscou fervorosamente com lágrimas, mas a bênção que seu pai havia desejado
erradamente conceder” (The Epistle to the
Hebrews, pág. 246).
As implicações aqui são
óbvias. Se os crentes meramente professos entre os hebreus cedessem à tentação
de obter alívio momentâneo do sofrimento que estavam experimentando, voltando
ao judaísmo, perderiam privilégios que jamais receberiam de volta – mesmo que
fossem buscá-los com lágrimas! Isto, como o escritor ensinou várias vezes na
epístola, é porque é impossível renovar ao arrependimento um apóstata que
retorna nesse caminho. Se apostatassem, se tornariam perdedores como Esaú.