terça-feira, 11 de junho de 2019

PRIMEIRA ADVERTÊNCIA CONTRA A APOSTASIA Capítulo 2:1-4 O Perigo de se Desviar da Palavra Falada pelo Filho


PRIMEIRA ADVERTÊNCIA CONTRA A APOSTASIA
Capítulo 2:1-4

O Perigo de se Desviar da Palavra Falada pelo Filho

V. 1 – Depois de uma longa digressão desde o versículo 1:2b até o final do capítulo 1 (em que o escritor fala das glórias de Cristo), ele nos traz de volta à Palavra falada pelo Filho. Ele diz: “Portanto, convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que temos ouvido, para que, em tempo algum, nos desviemos delas”. O grande perigo para alguns entre os hebreus era o de se desviar do terreno Cristão que tinham tomado e voltar ao judaísmo. Tal coisa seria apostasia. O escritor usa o pronome “nos” aqui, não para indicar crentes no Senhor Jesus Cristo, mas aqueles que eram de origem judaica, aos quais o escritor inclui a si mesmo. (Isso é característico das epístolas Cristãs hebraicas – Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, embora possa haver algumas exceções).
V. 2 – O escritor faz uma comparação entre “a palavra falada pelos anjos” na concessão do concerto da lei (At 7:53) e a palavra que foi “falada pelo Senhor” quando Ele veio aos judeus em Seu primeiro advento. Ele lhes pede que considerem que se a palavra dos anjos na Lei contra os ofensores era “firme (não poderia ser revogada e anulada), e toda transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição”, quanto muito mais severo seria o juízo se eles negligenciassem a palavra falada pelo Senhor que é uma Pessoa infinitamente maior! Como eles poderiam escapar do juízo certo que cairia sobre eles se eles voltassem atrás? Assim, a palavra de Cristo é superior à dos anjos.
Ele diz: “como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação”. A “grande salvação” que o Senhor anunciou em Seu ministério terreno não é a salvação eterna da alma anunciada no evangelho da graça de Deus (At 20:24), como comumente pensado, mas uma libertação temporal para a nação, dos seus inimigos. Naquela época, os judeus estavam cativos dos romanos que os governavam em sua própria terra, e eles precisavam muito desse tipo de libertação. O Senhor Jesus foi enviado por Deus como um Chifre de Salvação” (Lc 1:68-71 – original grego) de Deus para a libertação da nação. Ele veio “apregoar liberdade aos cativos” que estavam sob o jugo romano (Lc 4:18-19). Essa foi uma das bênçãos externas prometidas à nação no evangelho do reino que o Senhor anunciou (Mt 4:23; Mc 1:14). Após Sua entrada em Jerusalém, o povo gritou “Hosana” (que significa “Salve agora!”) e esperou grandes coisas d’Ele nesse sentido (Mt 21:15). Mas os líderes conduziram o povo a rejeitá-Lo, e essa grande salvação de seus inimigos foi, portanto, adiada. Se os judeus tivessem recebido a Cristo, Ele teria salvado a nação libertando-os de sua escravidão. A nação teria evitado sua destruição em 70 d.C. e teria sido abençoada por Deus como prometido nos escritos de seus profetas.
O escritor também diz que a promessa desta salvação temporal de seus inimigos foi “confirmada” ao povo pelos apóstolos (Hb 2:3; At 3:19-21) também pelo “testemunho” do próprio Deus nos milagres que acompanharam a pregação desse evangelho (Hb 2:4; At 3:6-10, 5:15-16, etc.) Assim, a nação provou “a boa Palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro” (Hb 6:5 – ARA).
Esta “grande salvação (nacional) em Hebreus 2:3 não poderia ser a salvação espiritual das “almas” anunciadas no evangelho da graça de Deus hoje (1 Pe 1:9; At 16:31, etc.), porque diz que foi “primeiro” falado pelo Senhor quando esteve aqui na Terra. O evangelho que o Senhor pregou era o evangelho do reino (Mt 4:23; Mc 1:14). Aquela mensagem O apresentou como o Rei e Messias de Israel que viria à nação em seu tempo de necessidade e os salvaria de seus inimigos, e estabeleceria Seu reino em poder e glória. Foi só depois que os judeus formalmente rejeitaram a Cristo, e enviaram um homem (Estêvão) a Deus com a mensagem: “Não queremos que Este reine sobre nós” (Lc 19:14; At 7:54-60), que o evangelho da graça de Deus foi anunciado ao mundo (At 11:19-21, 13:46-48, 15:14, 20:24, 28:28).
Sobre este ponto em Hebreus 2:3, H. Smith disse: “Na sua interpretação estrita, a salvação da qual o escritor fala não é o evangelho da graça de Deus como apresentado hoje, nem contempla a indiferença de um pecador em negligenciar o evangelho. Ainda assim, uma aplicação neste sentido certamente pode ser feita, pois deve ser verdade que não pode haver escapatória para aquele que finalmente negligencia o evangelho. Aqui é a salvação que foi pregada pelo Senhor aos judeus, pela qual um caminho de escape do juízo, prestes a cair sobre a nação, foi aberto para o remanescente crente. Esta salvação foi posteriormente pregada por Pedro e os outros apóstolos nos primeiros capítulos de Atos, quando eles disseram: “Salvai-vos desta geração perversa. Este testemunho foi dado por Deus com “maravilhas, prodígios e sinais”. O Evangelho do Reino será novamente pregado após a Igreja ser completada” (The Epistle to the Hebrews, pág. 12-13).
J. N. Darby também disse: “É a pregação de uma grande salvação feita pelo próprio Senhor quando esteve na Terra; não o evangelho pregado e a Igreja reunida após a morte de Cristo. Este testemunho, portanto, prossegue pelo Milênio sem falar da Igreja, um fato a ser notado não apenas nesses versículos, mas em toda a epístola” (Collected Writings, vol. 28, pág. 4).

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