terça-feira, 11 de junho de 2019

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Sua Saudação Final


Sua Saudação Final

Vs. 22-25 – Sabendo que poderia haver uma reação negativa ao que expôs na epístola, acrescenta uma palavra gentil de encorajamento: “Rogo-vos, porém, irmãos, que suporteis a palavra desta exortação; porque abreviadamente vos escrevi” (v. 22). Seu desejo aqui é que eles permitissem que o que lhes foi apresentado penetrasse profundamente em seus corações, e que respondessem apropriadamente.
Ele os lembra de que “Timóteo” tinha sido “solto” (v. 23), e que poderia ser uma ajuda para eles no entendimento da verdade que comunicou nesta epístola.
Ele os encoraja a “saudar” (cumprimentar) todos os seus “chefes”. Isso promove a paz entre os irmãos. Ele termina com: “A graça seja com todos vós. Amém!” (vs. 24-25).

Sua Doxologia


Sua Doxologia

Vs. 20-21 – Para terminar, o escritor invoca a Deus para ajudar os crentes hebreus a alcançar a maturidade espiritual. Ele diz: “Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do concerto eterno tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande Pastor das ovelhas, vos aperfeiçoe em toda a boa obra, para fazerdes a Sua vontade, operando em vós o que perante Ele é agradável por Cristo Jesus, ao Qual seja glória para todo o sempre. Amém!” Seu desejo era que o grande poder de Deus, que havia sido demonstrado na ressurreição do Senhor Jesus dentre os mortos, operasse em seu crescimento espiritual. (“Perfeito” significa crescimento pleno.) E isso, ele deseja, seria manifestado em sua execução da “vontade” de Deus, naquilo que “perante Ele é agradável”. O contexto da epístola sugere fortemente que ele está se referindo a sua separação completa do judaísmo sob o velho concerto, e um entendimento do que haviam adquirido por meio do “concerto eterno”.

Coisas que Caracterizam o Novo Local de Reunião do Cristão


Coisas que Caracterizam o Novo Local de Reunião do Cristão

Resumindo as exortações anteriores sobre o novo centro de reunião no Cristianismo, o escritor tocou em várias coisas que caracterizam esse terreno. 
  • É um terreno no qual o Senhor Jesus Cristo é o Centro de reunião – “a Ele” (v. 13a).
  • É um terreno que é “fora do arraial”, livre de princípios e práticas judaicas (v. 13b).
  • É um terreno que traz o “vitupério” de Cristo (v. 13c).
  • É um terreno que não tem sedes terrestres – nenhuma “cidade permanente” (v. 14).
  • É um terreno onde os Cristãos têm liberdade para adorar “em espírito e em verdade” (Jo 4:24) com “o fruto dos nossos lábios”, sem a ajuda externa de instrumentos de orquestras e corais etc., que caracterizam a religião terrena.
  • É um terreno no qual o amor é visto em ação, onde os crentes se comunicam uns com os outros a partir de seus recursos materiais (v. 16).
  • É um terreno onde o cuidado pastoral é exercido, sem nomeação oficial para esse trabalho ou treinamento prévio nas escolas dos homens (v. 17).
  • É um terreno onde a oração é um hábito (vs. 18-19).


Exortações Sobre a Vida de Assembleia do Crente


Exortações Sobre a Vida de Assembleia do Crente

Vs. 7-25 – Como mencionado, o segundo grupo de exortações diz respeito aos seus privilégios e responsabilidades coletivas.

LEMBRAR-SE DOS LÍDERES CRISTÃOS QUE NOS ANTECEDERAM (vs. 7-8)

Ao se afastarem do judaísmo, os crentes hebreus poderiam pensar que o escritor estava pedindo a eles que dessem as costas à sua longa herança naquela religião. Mas ele não diz isso. Abraão, Moisés, Davi, etc., ainda precisavam ser valorizados por sua fidelidade, como indica o capítulo 11. O que eles precisavam ver era que agora também tinham uma herança Cristã de líderes valiosos, dos quais se lembravam.
Essa companhia de crentes hebreus tinha líderes que lhes haviam ensinado a Palavra de Deus, que deveriam valorizar e buscar ajuda espiritual e encorajamento neles. Por isso, o escritor diz: “Lembrai-vos dos vossos guias [líderes – JND], os quais vos pregaram a Palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida [sua maneira de viver – ARC], imitai a fé que tiveram” (ARA). “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente. O fato de dizer: “os quais vos pregaram ... (no tempo passado) indica que esses “líderes” Cristãos tinham ido para o Senhor e não estavam mais na Terra. J. N. Darby disse: “Ao exortá-los (v. 7) a lembrar daqueles que guiaram o rebanho, ele fala daqueles que já partiram em contraste com aqueles que ainda vivem (v. 17)” (Synopsis of the Books of the Bible, em Hebreus 13:7; veja também Collected Writings, vol. 27, pág. 321, 413). Embora tivessem ido para estar com o Senhor, a fé deles havia deixado um legado de caráter e coragem Cristãos para aqueles que, nas futuras gerações, os “imitassem”. Estêvão (At 7) e Tiago (At 12) seriam exemplos desses, talvez Judas Barsabás e Silas fossem outros (At 15:22). Estes eram “varões distintos entre os irmãos”. Alguns desses líderes podem ter estado na supervisão de uma assembleia local, mas W. Kelly aponta que essa não é a força da palavra usada aqui. O sentido é o de líderes de um modo geral (The Epistle to the Hebrews, pág. 261).
Nota: ele diz: “imitai a que tiveram”. Não diz que deveriam imitar seus maneirismos, ou suas características, ou a maneira como falavam publicamente no ministério. Fazer isso é tornar-se um clone desses queridos servos de Deus, o que não é a vontade de Deus. Assim como uma estrela difere de outra estrela em glória (1 Co 15:41), Deus quer que todos nós brilhemos em nosso próprio caminho individual. Era a “fé” deles que deveriam imitar (1 Co 11:1; Ef 5:1). Esses líderes que já tinham partido eram um testemunho do fato de que caminhar por fé no caminho Cristão pode ser feito vitoriosamente.
A “maneira de viver” deles [essência de suas vivas – JND] era “Jesus Cristo”. Cristo era o objetivo em tudo que aqueles homens haviam buscado na vida. É a razão pela qual seguiram em linha reta. Esses crentes hebreus deviam considerar isso e seguir seu exemplo, fazendo de Cristo o Objeto e o Centro de suas vidas. O escritor acrescenta que “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente”. Isto é, os tempos podem mudar e aqueles que serviram a sua geração pela vontade de Deus “dormiram” (At 13:36), mas Cristo está sempre presente para cada nova geração, pois Ele nunca muda.

GUARDAR-SE DAS DOUTRINAS ESTRANHAS QUE MISTURAM O JUDAÍSMO COM O CRISTIANISMO (vs. 9-10)

A próxima exortação adverte contra o perigo de sermos levados “por doutrinas várias e estranhas” que misturariam o judaísmo com o Cristianismo. Todo esse ensino judaizante se opõe aos princípios da graça Cristã e não tem lugar na administração atual. Tais ensinamentos geralmente se concentram em tentar produzir um padrão mais elevado de santidade nos crentes por meio do legalismo, o que não funciona. Por isso, o escritor diz: “porque bom é que o coração se fortifique com graça e não com manjares (alimentos sólidos), que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram”. Ele usa “alimentos sólidos” aqui como uma figura para as ordenanças externas da religião terrena (Hb 9:10). Seu ponto de vista é direto e claro: os Cristãos que adotaram princípios judaicos não se beneficiaram deles espiritualmente.
Ele prossegue dizendo: “Temos um altar de que não têm direito de comer os que servem ao tabernáculo”. Esse “altar” não é o altar de bronze, nem é o altar de ouro na velha administração, mas o que é simbólico do “novo e vivo caminho” de aproximação a Deus no verdadeiro Cristianismo (Hb 10:19-22). “Comer” neste altar simboliza a participação na adoração espiritual oferecida no Cristianismo (1 Co 10:18). Este versículo 10 nos ensina que aqueles que querem se apegar ao judaísmo não devem ser permitidos de participar do verdadeiro modo Cristão de se aproximar de Deus. Fazer isso seria misturar as duas ordens, algo que Deus não quer.
Como mencionado na Introdução deste livro, a Cristandade está permeada de princípios e práticas judaicas. É verdadeiramente uma mistura de judaísmo e Cristianismo. Visto que é assim, àqueles que desejam frequentar e participar dos chamados “cultos de adoração” nas igrejas da Cristandade, e ao mesmo tempo, estar em comunhão na mesa do Senhor, onde os Cristãos buscam adorar de acordo com o novo e vivo caminho, deve ser dito que não “têm o direito” de comer lá. Por conseguinte, não devem ser permitidos de assim o fazer. A razão é simples: Deus não quer uma mistura das duas coisas.

SAIR PARA O NOVO LUGAR DE REUNIÃO FORA DO ARRAIAL (vs. 11-14)

Nestes versículos, o escritor menciona um ritual relevante relacionado com a oferta pelo pecado que teve seu cumprimento na morte de Cristo – “os corpos dos animais”, que foram oferecidos, foram consumidos com fogo em um lugar “fora do arraial” (Lv 4:12). Como cumprimento disso, o Senhor Jesus “padeceu fora da porta” de Jerusalém (Jo 19:20). Ele foi expulso do sistema do judaísmo por seus líderes perversos e lá morreu como um criminoso. Mas ao ser expulso desse sistema, Deus fez de Cristo o novo centro de reunião para aqueles que O recebem como seu Salvador. O efeito da morte de Cristo fora do judaísmo era “santificar o povo com o Seu próprio sangue” num sentido relativo ou externo (cap. 10.29). Isto é, estabeleceu um novo terreno sobre o qual os crentes devem se reunir em separação do judaísmo.
Assim sendo, o escritor exorta: Saiamos, pois, a Ele fora do arraial, levando o Seu vitupério.” Tem sido frequentemente perguntado: “O que exatamente é ‘o arraial’?” É uma expressão que caracteriza o judaísmo e seus princípios e práticas a ele relacionados. Assim, o versículo 13 é um chamado formal a todos os crentes naquele sistema judaico para cortar suas conexões com ele indo ao Senhor Jesus que está fora desse sistema. Ele é o novo Lugar de Reunião – o Centro de reunião dos Cristãos (Mt 18:20). Esta não é uma localização geográfica como no judaísmo (ou seja, o templo em Jerusalém), mas sim, um terreno espiritual de princípios sobre os quais Deus deseja que os Cristãos se reúnam para adoração e ministério.
Visto que a profissão Cristã se tornou permeada de princípios e práticas judaicas e existe em quase toda parte uma mistura dos dois sistemas, esse chamado para ir a Cristo “fora do arraial” tem uma aplicação muito prática para nós na Cristandade. O princípio é simples: os crentes são chamados a se separar do judaísmo – independentemente de onde possa ser encontrado, ou de que forma possa estar. Poderia ser no judaísmo formal (uma sinagoga) ou em locais de adoração de aparência judaico-Cristã (as igrejas da Cristandade). Esse chamado para separar do judaísmo levou os Cristãos exercitados a dissociar-se das igrejas na Cristandade, onde essa mistura existe, e se reunirem simplesmente ao nome do Senhor Jesus (Mt 18:20). (Compare com 2 Tm 2:19-21).
Alguns Cristãos que são defensores da mistura judaico-Cristã nos sistemas da igreja dirão que “o arraial” se refere estritamente ao judaísmo formal, e nada mais. Qualquer extração disso, em suas mentes, não é considerada o arraial. No entanto, se este raciocínio estivesse correto, então os crentes judeus, que foram chamados a se separarem do arraial, não precisam realmente se separar da sinagoga, porque mesmo a seita mais estrita do judaísmo hoje é apenas uma derivação do verdadeiro judaísmo bíblico que Deus deu por meio de Moisés. Mesmo quando o Senhor estava aqui na Terra, o judaísmo havia se tornado descontroladamente distorcido pelas interpretações e tradições dos anciãos. Hoje é simplesmente muito mais distorcido. Este argumento, portanto, é certamente falso, e só é insistido para evitar que uma aplicação prática seja feita aos frequentadores de igrejas. É verdade que muitas das coisas judaicas nessas igrejas foram alteradas um pouco para se adequar a um contexto Cristão, mas esses locais de adoração ainda têm, em princípio, os ornamentos do judaísmo. De fato, se fôssemos pedir-lhes a base na Escritura para muitas de suas práticas religiosas, apontariam livremente para o judaísmo do Velho Testamento como seu modelo. Grande parte da atual ordem judaico-Cristã existe há tanto tempo no Cristianismo que se tornou aceita pelas massas como o ideal de Deus. O que aconteceu em grande medida é que a Cristandade se uniu ao “arraial” da religião terrena, que é a própria coisa de onde o versículo 13 chama os crentes para sair.
O escritor acrescenta que, como o Senhor saiu do arraial para levar nosso juízo como a oferta suprema de pecados, devemos agora ir para fora do arraial para Ele e, ao fazê-lo, levaremos Seu “vitupério” (reprovação). Assim há reprovação ao se reunir ao redor do Senhor fora do arraial porque esse novo terreno de reunião é algo rejeitado. Portanto, devemos estar preparados para suportar o sofrimento em relação a isso. A reprovação que esses crentes hebreus sentiam vinha principalmente dos que estavam no arraial. E os crentes que se separarem dos princípios judaicos nas igrejas da Cristandade também descobrirão que a censura virá principalmente daqueles que, nos sistemas da igreja, não se separarão dessa mistura. O apóstolo João chamou as pessoas que tomam este terreno de aparência judaico-Cristã: os “que se dizem judeus e não o são, mas mentem” (Ap 2:9, 3:9).
O escritor acrescenta que “aqui” na Terra “não temos (nós Cristãos) cidade permanente”, como os judeus tinham em Jerusalém (v. 14). Em vez disso, ele diz: “mas buscamos a futura (uma cidade celestial). Assim, não há sedes terrenas no Cristianismo. Assim, o novo lugar Cristão de adoração é: 
  • Dentro do véu quanto aos nossos privilégios espirituais (Hb 10:19-20).
  • Fora do arraial quanto à nossa posição eclesiástica (Hb 13:13). 

EXERCITAR NOSSOS PRIVILÉGIOS SACERDOTAIS (v. 15)

Tendo ensinado que todos os Cristãos são sacerdotes com liberdades que excedem qualquer coisa que os sacerdotes aarônicos tinham no judaísmo (Hb 10:19-22), o escritor agora nos exorta a exercer nossos privilégios sacerdotais em louvor e oração. Ele diz: “Portanto, ofereçamos sempre, por Ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o Seu nome”. Este é um sacrifício espiritual que os Cristãos podem oferecer na imediata presença de Deus. É feito “por Ele” (veja também 1 Pe 2:5), que é uma alusão a Cristo como nosso Grande Sacerdote apresentando nossa adoração a Deus com perfeição (Hb 10:21). Nota: não há menção de que este louvor seja oferecido com a ajuda externa de instrumentos de orquestras e corais, etc., porque a verdadeira adoração Cristã é em “espírito e em verdade” (Jo 4:24). É algo espiritual produzido no coração dos crentes pelo Espírito Santo (Fp 3:3). A verdadeira adoração Cristã se manifestará no “fruto dos nossos lábios” e será feito “confessando o Seu nome”, porque não devemos ter outro nome senão o do Senhor Jesus (Mt 18:20).

USAR NOSSOS RECURSOS MATERIAIS PARA APOIAR O TESTEMUNHO CRISTÃO (v. 16)

O escritor fala então de outro tipo de sacrifício Cristão – comunicando nossas posses materiais de maneira monetária. Ele diz: “E não vos esqueçais da beneficência e comunicação [das vossas possessões materiais – JND], porque, com tais sacrifícios, Deus Se agrada”. Assim, nossos recursos materiais, se usados para promover o testemunho Cristão, são vistos como um sacrifício pelo Seu nome. Esse tipo de sacrifício pode ser feito em um nível individual (Gl 6:6) ou em um nível coletivo, a partir de uma assembleia (Fp 4:14-16). Os p©rincípios de tal oferta são expostos em 2 Coríntios 8-9. O fato de que ele diz “não vos esqueçais” mostra que pode ser negligenciado.

OBEDECER E SE SUBMETER AOS LÍDERES (v. 17)

Ele dá mais uma palavra aqui sobre seus “líderes [guias]. Eles estavam vivos e fazendo seu trabalho entre os santos na época em que a epístola foi escrita, ao contrário daqueles no versículo 7, que haviam morrido e estavam com o Senhor.
Ele diz: “Obedecei a vossos pastores [líderes – JND] e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil”. A TB traduz “pastores” como “aos que vos governam. Ver também 1 Tessalonicenses 5:12 e 1 Timóteo 5:17 Esta é uma tradução infeliz, e poderia transmitir o pensamento de que existe algum tipo de hierarquia oficial na Igreja que governa os santos – ou seja, o clero, que é um ofício não bíblico, um ofício inventado pelo homem.
Esses “guias” (AIBB) foram levantados pelo Espírito Santo para cuidar do rebanho (At 20:28). Eles “vigiam” os santos como cuidadores. Eles têm experiência com Deus, tendo andado no caminho por algum tempo, e assim podem ser uma ajuda para os santos em assuntos espirituais. Isso mostra que as ovelhas que saíram do arraial para Cristo não serão deixadas sem cuidado pastoral. Sem o confinamento daquele sistema legal, haverá o perigo de inimigos, ovelhas se desviando, etc., mas esses guias guardarão e instruirão o rebanho nesses assuntos práticos. Às vezes, podemos nos ressentir de sua interação conosco e vê-la como intrometida em nossas vidas pessoais, mas se formos submissos e tentarmos seguir o conselho espiritual que nos dão, seremos ajudados no caminho. Eles hão de dar “conta” ao Senhor sobre como se importaram com o rebanho. Seu desejo é fazê-lo “com alegria e não com tristeza [gemendo]”.

ORAR PELOS SERVOS DO SENHOR (vs. 18-19)

Deve-se notar que o escritor toca nas três esferas de privilégio e responsabilidade na casa de Deus. Os versículos 15-16 dizem respeito ao exercício do sacerdócio; o versículo 17 tem a ver com o ofício de supervisão, e agora nos versículos 18-19 temos a esfera do dom. Como servos no exercício de seus dons espirituais, ele diz: “Orai por nós, porque confiamos que temos boa consciência, como aqueles que em tudo querem portar-se honestamente”.
O fato de o escritor pedir a esses crentes hebreus que orem por eles (“orai por nós”), mas não identificou quem são, pode parecer um pouco incomum. A pergunta natural seria: “Orar por quem?” Mas assume que eles sabiam quem eram – o que a maioria, se não todos, expositores acreditam que era Paulo. Mais especificamente, seu pedido de oração por sua libertação da prisão para que pudesse ser “restaurado” a eles e assim continuar seu ministério público entre os santos, certamente aponta para o apóstolo Paulo (v. 19).

Exortações Sobre a Vida Pessoal do Crente


Exortações Sobre a Vida Pessoal do Crente

Caps. 12:28-13:6 – As exortações e encorajamentos nesta série de versículos abordam o estilo de vida apropriado que deve caracterizar os irmãos santos com um chamado celestial (Hb 3:1).

GRATIDÃO (vs. 28-29)

Ele diz: “Por isso tendo recebido um reino que não se pode mover, tenhamos graça (sejamos agradecidos), pela qual prestemos serviços mui agradáveis [aceitáveis – JND] a Deus com reverência e temor; porque o nosso Deus é um fogo consumidor” (TB). Assim, tendo algo muito melhor no novo e vivo caminho de aproximação a Deus no Cristianismo (Hb 10:19-22), o escritor os faria perceber este fato e ter “graça” (ser agradecido) por isso, e responder servindo a Ele em meios “aceitáveis” nesta posição muito favorecida na qual foram colocados. Voltar ao judaísmo não seria estar servindo a Deus aceitavelmente. Para todos aqueles que estavam considerando a ideia, ele diz: “Nosso Deus é um fogo consumidor”, que julga tudo o que é contrário a Ele.

AMOR FRATERNAL (v. 1)

Ele então diz: “Permaneça a caridade [o amor] fraternal”. Eles haviam começado bem em seus primeiros dias como Cristãos e viviam em uma atmosfera de amor (At 2:44-47); agora precisavam continuar nesse amor. Assim, diz, “permaneça” porque nascendo de Deus, os Cristãos têm uma nova vida e natureza que ama naturalmente (1 Jo 5:1). Tudo o que precisamos fazer é permanecer ou permitir que a natureza divina em nós faça o que faz naturalmente – que é amar (1 Jo 4:19). Essa exortação é necessária porque podemos colocar barreiras no caminho de nossa natureza divina, ao permitir que sentimentos carnais de antipatia por alguns de nossos irmãos impeçam o fluxo de nosso amor.

HOSPITALIDADE (v. 2)

Um modo de o amor se expressar é em “hospitalidade”. Nosso lar deve ser aberto a nossos irmãos para promover a comunhão Cristã. Os “estranhos” (TB) mencionados nas versões King James e Tradução Brasileira são irmãos no Senhor de diferentes áreas que estavam viajando por aquela região. Estes irmãos podem ter fugido da perseguição e foram duramente pressionados e precisavam de comida e abrigo. Gaio foi elogiado por João por fazer isso, e especialmente por aqueles que estavam servindo ao Senhor (3 Jo 5-7). A comunhão Cristã em nossos lares é uma maneira importante de promover a saúde da assembleia localmente. Ele acrescenta que alguns “não o sabendo, hospedaram anjos”. Isso pode ser uma referência a Abraão e Sara. Abraão estava certamente ciente de que os homens que o visitavam eram anjos e um deles era o próprio Senhor. Mas Sara não parecia entender isso, e quando o ouviu dizer que eles iriam ter um filho na velhice, riu em dúvida (Gn 18).

COMPAIXÃO (v. 3)

Ele então diz: “Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles”. Essa é outra maneira pela qual o amor pode se expressar – mostrando compaixão àqueles que foram aprisionados por sua fé e “maltratados”. Lembrar-se deles não é meramente pensar neles e orar por eles, mas ativamente estender a mão para eles, visitando-os, se possível. Isto é o que Onesíforo fez no caso de Paulo, e Paulo disse que “muitas vezes me recreou” (2 Tm 1:16-18). Esses estão privados de comunhão e realmente apreciam isso.
Ele acrescenta: “como sendo-o vós mesmos também no corpo”. Isto não é uma referência à nossa conexão uns com os outros no corpo (místico) de Cristo, como mencionado em 1 Coríntios 12:26. (O corpo de Cristo não está em vista em Hebreus). É, antes, a conexão que temos uns com os outros por estarmos em nossos corpos físicos. Podemos ter empatia com o sofrimento deles, porque também estamos no corpo e, assim, sabemos o que é sofrer fisicamente. Esses crentes hebreus poderiam muito bem acabar sendo aprisionados por sua fé e estarem na mesma situação, de modo que, enquanto ainda estivessem livres, eram para mostrar sua compaixão àqueles que estavam ligados dessa maneira.

PUREZA MORAL (v. 4)

O casamento deve ser mantido em respeito e mantido em pureza. A violação do vínculo matrimonial por meio do adultério será visitada pelo julgamento governamental de Deus porque “aos que se dão à prostituição e aos adúlteros Deus os julgará”.

CONTENTAMENTO (v. 5)

“Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes [satisfeitos com vossas circunstâncias atuais – JND]; porque Ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei”. Esta exortação trata da necessidade de cultivar contentamento nas circunstâncias presentes da vida em que Deus nos colocou (Fp 4:11; 1 Tm 6:8). Temos necessidades temporais, mas elas não devem ser satisfeitas por atos ambiciosos. “O amor ao dinheiro” tem sido a ruína de muitos (1 Tm 6:9-10). Os Cristãos devem trabalhar com as mãos, e o Senhor prometeu suprir todas as necessidades deles (1 Ts 4:11; Fp 4:19). Nota: Ele fornece o que precisamos, não necessariamente o que queremos.

CORAGEM (v. 6)

Finalmente, ele diz: “E, assim, com confiança [tomando coragem – JND], ousemos dizer: O Senhor é o meu ajudador, e não temerei o que me possa fazer o homem”. Esta é uma citação do Salmo 118:6. Com o Senhor ao seu lado, não deveriam temer a perseguição relacionada com a posição Cristã. A última parte do versículo 6 é realmente uma pergunta e poderia ser lida: “O Senhor é quem me ajuda, não temerei; Que me fará o homem?” É assim que o Salmo 118:6 o apresenta.

EXORTAÇÕES DE ENCERRAMENTO Capítulos 12:28-13:25


EXORTAÇÕES DE ENCERRAMENTO
Capítulos 12:28-13:25

As exortações práticas sob formas de verbos imperativos (“retenhamos ... sirvamos” etc.) recomeçam no capítulo 12:28. Esta parte final da epístola tem dois grupos de exortações: as que pertencem à vida pessoal do crente e as que pertencem à vida de assembleia do crente.

Um Apelo Final


Um Apelo Final

Vs. 25-27 – A conclusão que ele tira para os hebreus é clara – não recuse a voz que estava falando do céu. O escritor diz: “Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles quando rejeitaram O que sobre a Terra os advertia, muito menos escaparemos nós, se nos desviarmos daqu’Ele que nos adverte lá dos céus” (AIBB). Se não houvesse escapatória do julgamento para aqueles que desobedeceram à voz de Deus que falou na Terra ao dar a Lei (Êx 20), quanto menos alguém escaparia do julgamento que recairia sobre aqueles que recusam a voz de Deus que estava falando com eles do céu!
A santidade do julgamento de Deus simbolizado no tremor do Monte Sinai não será nada em comparação com o tremor que está chegando. O próximo abalo será de tudo que há na Terra e no céu! Ele cita Ageu 2:6 para confirmar isso: “Ainda uma vez comoverei, não só a Terra, senão também o céu”. Isso ocorrerá quando o Senhor fizer que a criação material se dissolva depois de o Milênio ter terminado seu curso (Hb 1:10-12; 2 Pe 3:10). Assim, haverá uma remoção de todas as coisas feitas nesta criação atual – uma dissolução de tudo em que a carne poderia se apoiar. O argumento do escritor ao afirmar isso é que, como o judaísmo é da primeira criação, também será removido. Assim, para aqueles que se apegam a essa religião terrena, precisavam perceber que tudo vai se dissolver algum dia, porque a criação material não continuará. Mas, mesmo antes disso, num futuro muito próximo do tempo em que a epístola foi escrita (63 d.C.), os romanos entrariam e destruiriam a cidade e o templo (70 d.C.). Muitos milhares de judeus seriam mortos e outros milhares seriam levados cativos. Não haveria maneira de continuar com o judaísmo porque tudo seria eliminado! Por outro lado, as coisas espirituais que a graça trouxe por meio de Cristo “não são abaladas” para que elas “permaneçam”.

Os Dois Sistemas Contrastados – Lei e Graça


Os Dois Sistemas Contrastados – Lei e Graça

Finalmente, o escritor define os dois sistemas de Lei e graça lado a lado e pede aos hebreus que contemplem qual deles prefeririam ter. Esses sistemas poderiam ser resumidos por duas montanhas – o monte Sinai (vs. 18-21) e o monte Sião (vs. 22-24).
Vs. 18-21 – A aliança legal é descrita primeiro. O Monte Sinai é onde a Lei foi dada, e representa todo o sistema do judaísmo dado por Deus por meio de Moisés. O escritor ensaia a cena solene de sua inauguração, cercada de trevas, fogo, raios, trovões, fumaça, trombetas sinalizando aviso, etc. Essas coisas simbolizavam o fato de que o Deus com Quem estavam entrando em um relacionamento de aliança era inacessível em meros termos humanos. Se o homem ou um animal acidentalmente tocassem o monte, teriam que ser apedrejados até a morte! (Êx 19:13). O povo ficou diante de Deus em tremor. Apresentando-Se nesse caráter legal, eles estavam absolutamente aterrorizados em conhecê-Lo. Até mesmo o mediador (Moisés) estava com medo e disse: “Estou todo assombrado e tremendo”. Toda a cena era algo que causaria terror no coração do mais vigoroso guerreiro.
O Deus do velho concerto era um Deus a ser temido – um Deus de julgamento. Os termos deste relacionamento legal com Ele foram: “Faça isto e faça aquilo, ou você será julgado!” Exigiu obediência, e se as pessoas falhassem em obedecer, significaria condenação e morte para elas. Consequentemente, Paulo chamou o velho concerto de “ministério da morte” e “ministério da condenação” (2 Co 3:7-9). Desnecessário dizer que um relacionamento com Deus nesses termos não é muito convidativo. Sendo confrontados com esta exibição visível do poder e majestade de Deus, o povo recuou e pediu a Moisés que fosse a Ele em seu lugar, o que Moisés fez (Êx 20:21).
Mais uma vez, as implicações aqui são óbvias. Ao lembrar os hebreus da severidade do sistema legal, sem realmente dizer em palavras, o escritor perguntava se realmente queriam voltar a isso. Queriam realmente ter um relacionamento com Deus nesses termos? É semelhante ao que Paulo disse aos gálatas que estavam querendo estar sob a lei. Ele lhes perguntou: “Dizei-me vós, os que quereis estar debaixo da lei: não ouvis vós a lei?” (Gl. 4:21). Claramente, não estavam vendo o sistema legal como ele realmente era, e isso mostra que estavam ficando cegos pelo julgamento governamental que estava sobre aquele sistema (Sl 69:23; 2 Co 3:14-15). Felizmente, uma vez que esses crentes hebreus haviam tomado o terreno Cristão professando crer no Senhor Jesus, o escritor poderia dizer: “Porque não chegastes ao monte” Sinai.
Vs. 22-24 – Ele então passa a contar aonde têm “chegado” por meio do que a graça realizou em Cristo. É um vasto sistema de bênçãos, não apenas para os Cristãos, mas para todos os nascidos[1] de Deus – alguns dos quais terão uma porção terrena de bênçãos e os outros terão bênçãos celestiais (Ef 3:15). Ele menciona oito coisas aqui. Oito é um número que sugere um novo começo. Assim, haverá toda uma nova ordem de coisas para os céus e a Terra no Milênio (Is 65:17, 66:22). A nota de rodapé em Isaías 66:22 da Tradução de JND afirma: “A conjunção ‘e’ dá a divisão dos assuntos muito distintamente aqui” (“os novos céus e a nova Terra” – ARA).
1) “Sião” – Isto é Jerusalém terrena sob a influência da graça de Deus, quando o Senhor Se levanta para restaurar e abençoar o remanescente crente de Israel. O Salmo 132:13-14 diz que o Senhor escolheu Sião como Seu lugar de descanso na Terra. Naquele vindouro dia milenar, Ele habitará ali e será o centro administrativo da Terra (Sl 48:1-3; Jr 3:17; Ez 48:35; Sf 3:5). Será também o centro para o ensino moral e espiritual (Is 2:1-3; Mq. 4:1-2) e o centro de adoração para todas as nações (Sl 99:1-9; Is 56:7; Zc 14:16).
2) “A cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial” – Isso nos leva ao lado celestial das coisas. É a cidade onde os santos celestiais dos tempos do Velho e do Novo Testamentos irão habitar. Não é a cidade que o apóstolo João descreve em Apocalipse 21:9–22:5, que chama de “nova Jerusalém” (Ap 3:12, 21:2, 10). A Nova Jerusalém é um símbolo da Igreja em seu papel administrativo no mundo vindouro. Esta cidade (“Jerusalém celestial”) é aquela que Abraão procurava “cujo Arquiteto e Edificador é Deus” (Hb 11:10 – TB). W. Scott disse: “Rogamos a cuidadosa atenção do leitor à distinção entre a ‘nova Jerusalém’ do Apocalipse, que é a Igreja glorificada, e a ‘Jerusalém celestial’ de que fala Paulo (Hb 12:22). Esta última, ao contrário da primeira, não se refere às pessoas, mas é a cidade do Deus vivo, uma cidade real, a localização de todos os santos celestiais. É a mesma [cidade] que é referida no capítulo anterior, para a qual os santos e patriarcas olhavam (Hb 11:10-16)” (Exposition of the Revelation of Jesus Christ, pág. 421). Concernente à Jerusalém celestial, W. Kelly comenta: “Agora deixamos a Terra para trás e pela fé contemplamos a cidade para a qual Abraão olhou, como Deus a preparou para peregrinos e estrangeiros na Terra, a cidade que tem os fundamentos, cujo Arquiteto e Edificador é Deus. É o trono da glória nos lugares celestiais para os santos sofredores com Cristo, que também serão glorificados juntos” (The Epistle to the Hebrews, pág. 249).
3) “Miríades de anjos, à universal assembleia” (AIBB) – Isto se refere à “reunião (recolhimento) dos anjos, em cuja ocasião serão colocados sob a ordenação administrativa dos santos celestiais que irão ser glorificados. As escrituras indicam que o governo do “mundo vindouro” (o Milênio) estará nas mãos dos homens (Hb 2:5). Atualmente, a Terra está sob a jurisdição dos anjos, que agem por Deus diretamente na execução de Suas relações providenciais com os homens. Mas depois que a presente dispensação da graça termina e a Igreja é chamada para o céu, os anjos serão reunidos e dispensados de sua posição e função atuais. Naquele momento, o governo da Terra será colocado nas mãos dos santos celestiais. Os anjos ainda cumprirão os tratamentos providenciais de Deus na Terra, mas nesse dia será por meio da ordem administrativa dos santos celestiais glorificados, com a Igreja tendo um papel especial nela.
Isso é descrito em Apocalipse 4-5. Os “quatro seres viventes” representam (simbolicamente) os atributos do poder providencial na execução do julgamento na Terra. Estas não são criaturas reais, mas símbolos da capacidade infinita de Deus de governar a Terra providencialmente. Eles são descritos como “um leão” (poder), “um touro” (firmeza), “um rosto como de homem” (inteligência) e “uma águia voando” (rapidez de execução). Em Apocalipse 4, essas criaturas vivas são vistas misturadas com os anjos, e são ambos vistos como um só agindo por Deus em Seu governo na Terra. Mas em Apocalipse 5, quando o Cordeiro pega o livro, “os quatro seres viventes” são vistos separados dos anjos e misturados com os “anciãos” (homens redimidos glorificados), e atuam como uma só companhia. Essa mudança indica que a administração da Terra será transferida para as mãos de homens glorificados (Lc 19:16-19; Rm 8:17; 2 Tm 2:12; Hb 2:5; Ap 21:9-22:5).
4) “A igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus” – Esta é a Igreja de Deus em sua morada final nos céus. Pela maneira que a versão King James traduz este versículo, pode-se facilmente concluir que “o primogênito” (no singular como a KJV traduz) aqui é Cristo. Muitos escritores de hinos cometeram esse erro. Cristo é certamente referido como o “Primogênito” na Escritura (Rm 8:29; Cl 1:15, 18; Hb 1:6; Ap 1:5), mas essa passagem não está se referindo a Ele. A palavra em grego está no plural e indica uma companhia de “primogênitos”. Como mencionado acima, é a Igreja a qual Cristo amou e deu a Si mesmo por ela (Mt 16.18; Ef 5:25-27). Aqueles que compõem a Igreja são chamados de primogênitos porque têm um lugar de destaque acima das outras pessoas abençoadas na família de Deus. (Na Escritura, “primogênito” significa aquele que é o primeiro em posição, tendo a preeminência sobre todos os outros – Êx 4:22; Sl 87:27; Jr 31:9).
As epístolas de Paulo revelam as bênçãos especiais que a Igreja tem e que os outros nascidos na família de Deus não possuem. Somente eles têm a bênção da filiação em relação ao Pai (Rm 8:14-16; Gl 1:1-7; Ef 1:4-5), e somente eles são membros do corpo de Cristo por meio da habitação do Espírito Santo (1 Co 12:12-13; Ef 3:6). Esta companhia especial foi escolhida pela graça soberana de Deus, não porque são melhores do que os outros em Sua família, mas porque Deus Se propôs a mostrar “a glória da Sua graça” e “as riquezas da Sua graça” diante de todos no mundo vindouro (Ef 1:6, 2:7). Ele vai mostrar ao mundo o que a Sua graça pode fazer. Para demonstrar isso, tomou os piores pecadores de entre os gentios, e por meio da redenção, colocou-os no lugar mais alto possível de bênção e favor que Seu amor poderia prover! No dia de manifestação que se aproxima (o Milênio), todo o mundo se surpreenderá com uma graça tão maravilhosa, e louvará “a glória da Sua graça” (Ef 1:6, 12, 14). (O escritor mencionou duas assembleias nesta passagem: uma assembleia geral de anjos e a especialmente convocada assembleia de crentes no Senhor Jesus Cristo – a Igreja de Deus).
5) “Deus, o Juiz de todos” – Refere-se à glória judicial de Deus sendo publicamente manifestada no Milênio. Naquele dia, Deus não somente será conhecido em graça, mas também será conhecido em julgamento, pois “há de julgar o mundo com justiça pelo Varão que para isto destinou” (At 17:31 – TB; Sl 72:1- 2, 99:4; Is 11:1-4, 32:1).
6) “Os espíritos dos justos aperfeiçoados” – são os santos do Velho Testamento. O fato de serem considerados “perfeitos”, que é o resultado de estarem ressuscitados e glorificados, mostra que o escritor está vendo as coisas como serão no Milênio. Esses santos também terão um lugar celestial no reino (Dn 7:18, 22, 27 – JND).
7) “Jesus, o Mediador de uma nova aliança” – Isso nos leva de volta à Terra; mostra novamente que o escritor tem o Milênio em vista, pois a nova aliança não será feita com Israel até então. O fato de que ele usa o nome humano “Jesus” do Senhor e não outros nomes como Jeová etc., mostra que naquele dia Israel reconhecerá que aquele Homem humilde que rejeitaram e crucificaram há muito tempo é o Messias deles. E, ao fazê-lo, serão restaurados e desfrutarão das novas bênçãos da aliança (Jr 31:31-34).
8) “O sangue da aspersão” – Refere-se ao sangue de Cristo. É a base para todas as bênçãos no mundo vindouro – tanto no céu como na Terra. Ele menciona isso em contraste com o sangue de Abel, que foi morto por seu irmão (Gn 4). O sangue de Abel foi aspergido sobre a terra e clamou em voz alta a Deus para que o julgamento fosse executado contra o ofensor – Caim. Em contraste, o sangue de Cristo foi aspergido (simbolicamente) no “propiciatório” acima (Rm 3:25), e em vez de clamar por vingança, clama por perdão para aqueles que o derramaram! As implicações aqui são novamente óbvias. Como Caim, que era culpado de matar seu irmão, os judeus são culpados de matar Cristo (At 3:14-15). Mas mesmo que O tenham matado, Deus há muito tempo concebeu uma maneira de perdoar a nação culpada pelo próprio sangue que eles derramaram! (1 Jo 1:7) Assim, os judeus podem ter, como nação, seus pecados “apagados” se simplesmente se “arrependerem” e se “converterem” (At 3:19), o que muitos farão em um dia vindouro.
Ao descrever essas oito coisas, o escritor nos levou até uma montanha (por assim dizer), da Terra aos céus e de volta à Terra novamente. “Deus, o juiz de todos”, é o ápice.
Seu ponto em apresentar esta imagem vívida dos dois sistemas lado a lado é que se qualquer judeu que, tendo tomado o terreno Cristão, estivesse realmente pensando em retornar ao judaísmo, precisava ponderar o que estaria desistindo sob a graça de Deus, e também para o que estaria voltando sob o domínio da lei. Se essas coisas fossem entendidas corretamente, qualquer desejo que alguém pudesse ter de retornar ao judaísmo certamente seria abandonado. O Sinai nos confronta com mandamentos legais, julgamento e condenação. Sião, por outro lado, apresenta-nos a graça que assegurou bênçãos celestiais e terrenas para todos os que creem, o que distancia muito de tudo o que Israel já teve sob o primeiro concerto. A decisão sobre em qual destes alguém gostaria de viver deve ser simples e direta.


[1] N. do T.: É de vital importância perceber a grande diferença entre os termos “nascido de Deus” (“uihos” em grego) e “filho de Deus” (“teknon”), como revelados no Novo Testamento, pois nos capacita a desfrutar de que não apenas somos nascidos na família de Deus pelo Seu ato soberano ao nos conceder vida divina – a qual todos em Sua família têm – mas quão distinguidos Deus nos quis tornar em Sua família ao nos trazer à posição de “filhos de Deus”, na própria aceitação que Cristo mesmo tem diante de Deus. Nessa posição temos relacionamento, entendimento e comunhão que nenhum outro “nascido de Deus” desfruta. A expressão “Abba Pai” foi apenas revelada no Novo Testamento e somente pronunciada pelos “filhos de Deus”, pois receberam o “espírito de adoção” (Rm 8:15; Gl 4:6).


QUINTA ADVERTÊNCIA CONTRA A APOSTASIA Capítulo 12:16-27 O Perigo de Não Ouvir a Voz de Deus Vinda do Céu


QUINTA ADVERTÊNCIA CONTRA A APOSTASIA
Capítulo 12:16-27

O Perigo de Não Ouvir a Voz de Deus Vinda do Céu

Vs. 16-27 – O escritor faz uma digressão pela última vez para advertir novamente contra a apostasia. Desta vez, é em conexão com a recusa em ouvir a voz de Deus vinda do céu.
Ele falou do “manco”, agora ele se vira para falar do “profano”. Esta é uma classe diferente de pessoas. Como já mencionamos, um que é manco é um crente espiritualmente fraco cujo andar é prejudicado de alguma forma, enquanto uma pessoa profana é um crente meramente professo que finalmente acabará apostatando. Ele mostra aqui que um apóstata geralmente será conhecido por imoralidade e/ou profanação em sua vida. Menciona Esaú como exemplo de um profano. Não é dito que Esaú era um fornicador, mas diz que era uma pessoa profana. J. Flanigan disse: “Não é nem implícito nem provado aqui que Esaú era um fornicador” (What the Bible Teaches, Hebrews, pág. 265). W. Kelly disse: “Pode se apresentar de várias formas e aqui especificamos impureza carnal e profanidade, ambas intoleráveis onde Deus está e é conhecido. Do último mal (profanação) Esaú é o exemplo, que por uma refeição vendeu seu direito de primogenitura” (The Epistle to the Hebrews, págs. 245-246).
Profanidade é tratar coisas divinas e sagradas como se fossem comuns. Esaú provou sua profanidade trocando seu direito de primogenitura por uma refeição comum! (Gn 25:29-34) Estava disposto a trocar sua bênção em troca de um momento de gratificação! Isso nos mostra o que achava de seu direito de primogenitura. O escritor então diz: “Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que, com lágrimas, o buscou. A palavra “depois” neste versículo refere-se a um tempo depois na vida de Esaú, quando seu pai Isaque era um homem velho e queria abençoar seus filhos antes de morrer. Como sabemos, seu irmão Jacó entrou e enganou seu pai e roubou-lhe a bênção (Gn 27). Quando Esaú percebeu o que havia sido feito, tentou, mas não conseguiu encontrar uma maneira de provocar “arrependimento” – isto é, uma mudança de ideia (que é o significado de arrependimento) no que seu pai havia pronunciado a respeito da bênção. Mesmo que Esaú “com lágrimas, o buscou”, não podia reverter o resultado; a bênção tinha sido invocada sobre seu irmão Jacó (Gn 27:38). Suas lágrimas eram por ter perdido a bênção; não eram porque era um homem arrependido em relação à sua vida pecaminosa. Ele chorou, não porque era um pecador, mas porque era um perdedor. W. Kelly disse: “Não foi arrependimento que Esaú buscou fervorosamente com lágrimas, mas a bênção que seu pai havia desejado erradamente conceder” (The Epistle to the Hebrews, pág. 246).
As implicações aqui são óbvias. Se os crentes meramente professos entre os hebreus cedessem à tentação de obter alívio momentâneo do sofrimento que estavam experimentando, voltando ao judaísmo, perderiam privilégios que jamais receberiam de volta – mesmo que fossem buscá-los com lágrimas! Isto, como o escritor ensinou várias vezes na epístola, é porque é impossível renovar ao arrependimento um apóstata que retorna nesse caminho. Se apostatassem, se tornariam perdedores como Esaú.

Encorajamento para Prosseguir no Caminho de Fé


Encorajamento para Prosseguir no Caminho de Fé

Vs. 12-15 – Com Cristo diante de nossas almas (vs. 1-4) e Deus trabalhando para o nosso bem nos bastidores de tudo o que ocorre em nossas vidas (vs. 5-11), o escritor continua a dar alguns simples incentivos para acompanhar as observações anteriores. Ele diz: “Portanto, levantai as mãos cansadas e os joelhos vacilantes” (AIBB). As mãos cansadas e os joelhos vacilantes são uma descrição de alguém desencorajado. Este era evidentemente o estado de alguns dos santos hebreus naquele tempo. Seu remédio é simples; levante as mãos que estão cansadas. Levantando “mãos” (figurativamente falando) tem a ver com a oração (1 Tm 2:8). “Joelhos” também estão associados com a oração (At 9:40, 20:36, 21:5; Ef 3:14). Por isso, ele os encoraja a orar. Tiago fala da mesma forma: “Está alguém entre vós aflito? Ore” (Tg 5:13). Entrar na presença de Deus dessa maneira revitaliza nosso poder espiritual e nos ajuda a vencer o desencorajamento. Em Sua presença, recarregamos nossas baterias espirituais e obtemos energia renovada para continuar no caminho.
V. 13 – Então ele diz: “e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado”. Isso mostra que, em momentos de desencorajamento, precisamos ter um cuidado especial com o que fazemos e para onde vamos, porque, se nossos pés vagarem, mesmo que seja um pouquinho, nosso mau exemplo pode levar outros a tropeçar. Assim, precisamos manter nossos pés no caminho mais agora do que nunca. Não podemos fazer “veredas direitas” para os pés de outras pessoas, mas podemos cuidar aonde nossos pés vão e, assim, ter cuidado para não desencorajar os outros. Evidentemente, havia alguns entre esses crentes hebreus que estavam claramente tendo dificuldades em sua caminhada, a quem denomina de coxo (“o que manqueja”, figurativamente falando). Estes eram especialmente vulneráveis. Seu desejo por eles era que não saíssem do caminho, mas, em vez disso, fossem sarados. Se os mais fortes andassem em um caminho reto, após o Senhor Jesus, seriam um encorajamento para os mais fracos, e talvez pudessem conduzi-los à cura.
V. 14 – Deveriam seguir “a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (v. 14). Isso, novamente, é santificação prática. O contexto do capítulo 12 indica que, na maneira como fala disso aqui, ver o Senhor é com os olhos da fé, como mencionado no versículo 2. (Veja também o capítulo 2:9). Portanto, se não tivermos o cuidado de seguir santidade prática em nossas vidas, perderemos a visão de Cristo no alto e certamente nos desviaremos em nossas almas. A santificação prática é uma das três coisas indispensáveis mencionadas na epístola. Elas são: 
  • Sem “sangue” não há remissão de pecados (cap. 9:22).
  • Sem “fé” é impossível agradar a Deus (cap. 11:6).
  • Sem “santificação” nenhum homem verá o Senhor (cap. 12:14). 

Nota: “paz” e “santidade” são encontradas juntas no versículo 12. Se estiverem separadas, será uma paz falsa, porque não podemos (corretamente) ter paz à custa da santidade.
V. 15 – Ele acrescenta: “tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem”. Isso mostra que se perdermos o gozo das coisas que a graça de Deus nos trouxe, e entrarmos em mau estado de alma, provavelmente iremos causar problemas, espalhando nossa infelicidade entre nossos irmãos. Uma “raiz de amargura” é alguma queixa ou insatisfação que cresce subterraneamente (por assim dizer) na alma de uma pessoa. Mas depois de algum tempo, vem à tona e afeta os outros. Uma pessoa que é amarga desta maneira geralmente irá procurar por aqueles que são de um espírito semelhante, e derramará suas queixas sobre eles. O resultado é que “muitos” são contaminados. Judas Iscariotes é um exemplo disso. Sua queixa de Maria ungir o Senhor com meio quilo de nardo (por achar que era um desperdício) foi uma raiz de amargura que afetou os outros apóstolos, que se deixaram levar por isso, criticando-a também (Jo 12:3-8). Assim sendo, o escritor aconselha os crentes hebreus a observarem diligentemente contra tal coisa brotando no meio deles e tomando cuidado para não se deixarem influenciar por ela.



Três Coisas Necessárias para Tirar Proveito das Provações


Três Coisas Necessárias para Tirar Proveito das Provações

Vs. 6-11 – O escritor passa a tocar em três coisas que são necessárias para tirarmos “proveito” de nossas provações. Em primeiro lugar, precisamos entender que o amor divino está por trás de tudo que entra em nossas vidas. Por isso, ele diz: “porque o Senhor corrige o que ama” (v. 6). Nunca nos esqueçamos de que a mão que segura a vara de correção tem a marca do prego que a traspassou! Podemos não entender o porquê e o para quê do que está acontecendo em nossa vida, mas podemos ter certeza de que a mão que castiga é movida por um coração que ama. Verdadeiramente Deus tem o nosso bem em vista em tudo o que Ele permite em nossas vidas, pois “o caminho de Deus é perfeito” (Sl 18:30). Podemos ter certeza, portanto, de que Ele não cometeu um erro naquilo que permitiu que acontecesse conosco. Sem essa confiança em Deus, é improvável que tiremos qualquer proveito de nossas provações.
Em segundo lugar, ele diz que precisamos estar em sujeição “ao Pai dos espíritos” (v. 9). Isso se refere a um espírito de submissão que se curva sob a poderosa mão que tem “ordenado” a provação em nossa vida (Jó 23:14). É uma disposição da nossa parte que permite que Ele faça a Sua obra em nós, como argila na mão de um oleiro. Ter um espírito submisso é nossa maneira de reconhecer que Sua sabedoria e Seus caminhos conosco são corretos e bons, e que aceitamos que Ele sabe o que é melhor para nós. Lutar contra uma provação manifesta um espírito não julgado que não se beneficia da provação. Nota: Ele é chamado de “o Pai dos espíritos”. Isso significa que é o Divino Instrutor de nossos espíritos e, como tal, está buscando formar um espírito correto em nós. Isso mostra que não está apenas interessado no que fazemos, no que diz respeito ao certo ou ao errado; Ele também está interessado em nossa atitude. Isso é o que vemos em Daniel – ele tinha “um excelente espírito” (Dn 5:12, 6:3).
Em terceiro lugar, precisamos ser “exercitados” sobre o que acontece em nossa vida. Quando uma provação vem em nossa direção, não devemos dizer: “Como posso me tirar disso?” Mas sim: “O que posso tirar disso?”. Em tempos de provações, precisamos examinar nossos corações e rever nossas vidas, pedindo ao Senhor que nos mostre o que Ele está tentando nos ensinar (v. 11). Eliú encorajou Jó a fazer isso em sua provação. Suplicou-lhe que dissesse ao Senhor: “o que não vejo, ensina-mo Tu; se fiz alguma maldade, nunca mais a hei de fazer?” (Jó 34:32). Se o Senhor nos mostra algo em nossas vidas que é inconsistente com a Sua santidade, devemos julgar isso e continuar (1 Co 11:31). Desta forma, nos tornamos “participantes da Sua santidade” (v. 10).

As Ações Corretivas de Deus


As Ações Corretivas de Deus

V. 6 – Deus usa tanto castigo quanto açoite em Seu treinamento divino. Estas são coisas ligeiramente diferentes. O castigo é uma correção relacionada à remoção de falhas de caráter que podemos ter; não tem a ver com nenhum pecado em particular em nossa vida. O açoite, por outro lado, é uma correção ligada a pecados evidentes com os quais podemos estar seguindo nossa própria vontade. É um julgamento governamental direto que Deus designa para nos levar ao arrependimento, que, se alcançado, pode ser suspenso. (Ver Collected Writings de J. N. Darby, vol. 26, págs. 261-262).

Duas Maneiras de Não Reagir


Duas Maneiras de Não Reagir

V. 5 – Ele começa falando de duas maneiras pelas quais não devemos reagir quando uma provação entra em nossas vidas, pois se reagirmos erroneamente, não nos beneficiaremos dela. Em primeiro lugar temos: “não desprezes” (v. 5a). Isso se refere a menosprezar a dificuldade e reputá-la como sendo nada. Podemos dar de ombros ao julgamento e dizer: “Isso acontece com muitas pessoas; não é grande coisa”, mas ao fazer isso, perderemos o que Deus tem para nós. Então, em segundo lugar temos: “não desmaies” sob ela (v. 5b). Isso se refere a ficar abatido e de coração carregado e, consequentemente, desistir. Essa reação muitas vezes resultará em reclamações, o que, em essência, está questionando a sabedoria dos caminhos de Deus conosco – e isso nunca é uma coisa boa.

As Disciplinas de um Pai Amoroso


As Disciplinas de um Pai Amoroso

Vs. 5-11 – Os outros meios que Deus usa para manter nossos pés no caminho são as provações que encontramos na vida. As provações da vida são usadas por Ele para produzir um duplo efeito em nós; ambos têm em vista a glória de Deus e nossa bênção.
De um lado, Deus toma as provações da vida, e com maravilhosa sabedoria, amor e habilidade, as tece em Seu treinamento de nossos espíritos. Foi dito acertadamente que Deus tem mais a fazer em nós do que por meio de nós (em serviço). Ele usa as provações e as dificuldades para trazer à luz certos aspectos da carne que podem estar operando em nós dos quais não temos consciência. Assim, nos é dada a oportunidade de julgar essas coisas e, como resultado, tornar-nos “participantes da Sua santidade” (v. 10). Do outro lado, Deus usa as mesmas provações para nos conformar à imagem de Seu Filho (Rm 8:29). No ardor das provações, Ele produz semelhança de Cristo em nós. Assim, as características morais de Cristo – compaixão, ternura, mansidão, humildade, etc. – são formadas em nós.
Deus propôs-Se a encher o céu com pessoas que são exatamente como o Seu Filho, e assim este trabalho de conformidade moral é necessário. Como o escultor, a quem, na inauguração de uma das suas obras (uma estátua de um leão), foi perguntado como produziu uma obra de arte tão magnífica; ao que respondeu: “Eu apenas desbastei tudo o que não se parecia com um leão!” Similarmente, Deus está trabalhando em cada um de Seus filhos com a imagem de Seu Filho diante de Seus olhos, e está desbastando tudo o que neles não se assemelha a Seu Filho. Assim, os sofrimentos e as provações por que passamos no caminho estão sendo usados por Ele para remover as arestas e, às vezes, isso pode ser doloroso. Entretanto, se o produto acabado é que somos tornados mais semelhantes a Cristo, então esses sofrimentos que são “por um pouco”, valem a pena (1 Pe 5:10 – ARA).
O lado das coisas que está particularmente diante de nós neste capítulo é o primeiro – a remoção de coisas carnais em nossos espíritos e em nossos caminhos, por meio da qual, na prática, nos tornamos mais santos. Os que ensinam sobre a Bíblia chamam isto de “Santificação Prática ou Progressiva”. Precisamos ter em mente que estamos na escola de Deus e, como tal, estamos sob Seu treinamento divino – assim como um pai amoroso treina seu filho (Jó 36:22). Seu objetivo conosco é nos tornar companheiros adequados para o Seu Filho. Ele nos ama tanto que não nos deixará no estado moral do início quando nos salvou. Assim, Sua escola tem muito a ver com efetuar mudanças morais nos crentes. Além disso, Deus quer que nós participemos com Ele nesta obra. Se estivermos dispostos a cooperar e formos exercitados sobre nosso andar e caminhos, o processo será bem-sucedido.
Assim sendo, o escritor explica o propósito divino por trás desta obra. Ele diz: “E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, e não desmaies quando por Ele fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois, então, bastardos e não filhos. Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos? Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas Este, para nosso proveito, para sermos participantes da Sua santidade. E, na verdade, toda correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela” (vs. 5-11). Assim, vemos que Deus está buscando produzir “o fruto pacífico da justiça (prática) em nós.

Correr a Carreira com Perseverança


Correr a Carreira com Perseverança

V. 1 – A exortação neste capítulo é “corramos, com paciência [perseverança – AIBB], a carreira que nos está proposta”. Assim, o caminho de fé é visto como uma “carreira [corrida – JND]que devemos “correr com perseverança”. Correr implica energia espiritual e perseverança implica resistência. Estes são dois elementos necessários para uma corrida bem-sucedida. Se somos crentes no Senhor Jesus Cristo, estamos na corrida. No entanto, todos os que estão na corrida podem não estar correndo, devido à falta de energia e perseverança. Assim, todo Cristão precisa entender desde o início que o caminho de fé não é uma corrida de arrancada, mas uma corrida de longa distância que se prolonga pela duração de nossas vidas.
O escritor começa lembrando os crentes hebreus que eles estavam cercados por “uma grande nuvem de testemunhas”. Esses são os santos do Velho Testamento mencionados no capítulo 11. Eles não são testemunhas no sentido de espectadores. Ou seja, não estão no céu olhando para nós, observando o que estamos fazendo. Os santos que morreram e foram para o céu ainda não foram glorificados. Estão lá em suas almas e espíritos, mas não em seus corpos, os quais aguardam a ressurreição. Por isso, não veem o que está acontecendo na Terra (Jó 14:21; Ec 9:5). Os santos do Velho Testamento são testemunhas no sentido de que registram o fato de que uma pessoa pode viver com sucesso por fé na Terra com a aprovação de Deus. Estas testemunhas estão lá para nos encorajar pelo seu exemplo. Eles andaram no caminho de fé antes de nós e alcançaram o objetivo. Enfrentaram todos os tipos de oposição no caminho e por fé superaram esses obstáculos. Assim, elas são a prova de que o caminho de fé pode ser conduzido para a glória de Deus.
Como existem muitos obstáculos para a corrida, nos é dito para que “deixemos” tudo o que impede nosso progresso. Os dois principais obstáculos que o escritor menciona são: embaraços (impedimentos – TB) e pecados. Estes devem ser eliminados se quisermos correr a corrida com sucesso. Da mesma forma, quando um corredor se prepara para uma corrida a pé, ele se desfaz de tudo que é supérfluo que irá impedi-lo. Precisamos fazer o mesmo nesta corrida espiritual.
Um “embaraço” é algo que não é moralmente errado em si mesmo, mas, ainda assim, nos atrasa na corrida. O embaraço específico que o escritor provavelmente tinha em mente aqui é a armadilha da religião terrena no judaísmo. Mas poderia ser qualquer busca terrena que cativa a atenção de nosso coração e demanda nosso tempo e energia. Mesmo que tal coisa não seja pecaminosa, ela tende a nos distrair de Cristo em glória e trazer nossos pensamentos e mentes para a Terra. Seja o que for, precisa ser deixado de lado. Da mesma forma, um corredor não entra em uma corrida a pé com um pesado par de botas e uma mochila nas costas. Não é porque essas coisas são contra as regras da corrida, mas porque vão ser um embaraço a mais que irá atrapalhá-lo. Nota: remover embaraços em nossas vidas é algo que Deus não faz; é algo que Ele quer que nós mesmos façamos.
Podemos acrescentar que a exortação aqui é deixar de lado “todo” o embaraço, porque pode haver uma série de coisas em nossas vidas que nos sobrecarregam. Nossa tendência é poupar o objeto que nos é mais querido e deixar de lado qualquer outra coisa, e depois nos contentar em ter feito a vontade de Deus. Mas geralmente é a coisa mais querida para nós que é o embaraço maior em nossa vida e o que precisa ser tratado acima de tudo. Este exercício nos desafia e revela onde realmente estão nossas afeições. Visto que nossos corações são enganosos (Jr 17: 9), podemos sequer perceber que há um peso em nossa vida. Da mesma forma, uma pessoa pode não sentir um peso quando está sentada, mas quando se levanta e começa a correr fica evidente. Assim, a maneira mais simples de descobrir um peso em nossa vida é correr – para colocar energia em seguir a Cristo seriamente. Tem sido sugerido que existem três sinais indicadores que revelam a presença de um embaraço em nossa vida: 
  • Nós estamos inquietos sobre tal coisa e falta paz em relação a ela.
  • Nós nos encontramos defendendo tal coisa e argumentando a favor dela quando surge em nossa conversa.
  • Nós buscamos pessoas – particularmente os mais velhos, os chamados irmãos “espirituais” – esperando que nos digam que tal coisa não é errada. 

O escritor também menciona que “pecado” deve ser posto de lado. O “pecado que tão de perto nos rodeia”, do qual ele fala aqui, não é um certo pecado constante que podemos ter, que com frequência nos derrota, mas o princípio do pecado (que é a iniquidade ou fazer a nossa vontade) em ação em nossa vida. Nada nos atrapalhará mais rapidamente do que a vontade própria; esta vontade deve ser julgada. O grande pecado na epístola aos Hebreus é a “incredulidade”, que se não for julgado por uma pessoa que é um mero professo, a levará à apostasia (Hb 3:12).
V. 2 – Para superar esses obstáculos e ter a energia necessária para conduzir a corrida com perseverança, o escritor nos aponta para Cristo em glória como o Objeto de nossa fé. Colocar de lado os embaraços e pecados não é suficiente para garantir o sucesso no caminho de fé. Embora tais exercícios sejam necessários, são coisas negativas que não sustentam o crente no caminho. A fé deve ter um objeto a ser buscado. Assim, o escritor diz: “Olhando para Jesus”. A nota de rodapé da Tradução JND diz: “Isto significa, desviar o olhar de outras coisas e fixar os olhos exclusivamente em Um”. Olhando para Cristo onde Ele está no alto preenche o coração com coisas que pertencem àquela esfera. Isto, por sua vez, age como um poder positivo em nossas vidas e nos estimula a buscar essas coisas, ao invés do que é meramente terrestre. Assim, enquanto os santos do Velho Testamento são um encorajamento para nós no caminho de fé, eles não são o nosso objetivo. Nota: ele não diz: “Olhe para as testemunhas”. Nós as temos como exemplos atrás de nós, mas Cristo é o Objeto que Deus coloca diante de nós para Quem devemos olhar. Nisto, temos uma vantagem distinta sobre os santos do Velho Testamento. Eles não tinham Cristo no alto como um objeto, como nós temos. Ele ainda não havia vindo em Seus dias e, portanto, não estava assentado à direita de Deus para que olhassem e O buscassem em fé.
Quanto a Cristo ser nosso Exemplo, Ele andou no caminho de fé perfeitamente, desde o início até o fim de Sua vida, e assim é verdadeiramente “o Autor e Consumador da fé”. O que O motivou no caminho foi “gozo que Lhe estava proposto”. Seu gozo era duplo: em primeiro lugar, era Seu gozo fazer a vontade de Deus para a glória de Deus (Sl 40:8; Jo 4:34). Isso Ele fez com perfeição. Como resultado, e como uma marca de Sua aprovação, Deus O ressuscitou dentre os mortos e O colocou à Sua própria mão direita (Sl 110:1; Fp 2:9-11). Em segundo lugar, o Senhor olhou para o momento em que Ele estaria unido à Igreja (Seu corpo e noiva), pela qual Ele Se entregou na morte (Ef 5:25-27), e isso também encheu Seu coração de gozo. Essa perspectiva O sustentou no caminho e permitiu que Ele suportasse “a cruz” e desprezasse a “afronta”. É improvável que o escritor estivesse se referindo à obra de Cristo na cruz para fazer expiação, porque O coloca diante de nós como nosso Exemplo, e certamente não podemos segui-Lo ao fazer expiação. Sua morte na cruz aqui está mais em conexão com Ele sendo o justo Mártir. Nisso Ele é o Exemplo de perseverança. Ele perseverou em obediência a Deus apesar de toda oposição e completou Seu percurso e agora “assentou-Se à destra do trono de Deus”.
Vs. 3-4 – O escritor diz: “Considerai, pois, aqu’Ele que suportou tais contradições dos pecadores contra Si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos. Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado”. Ele queria que contemplássemos as circunstâncias extremamente difíceis que o Senhor suportou nas mãos dos pecadores. Ele foi ao limite em fazer a vontade de Deus. Ele “resistiu até ao sangue”. Isto é, Se recusou a abandonar a vontade de Deus, e isso Lhe custou a vida! Ele preferiria morrer a desobedecer! Que Modelo é para nós!
Os crentes hebreus deviam “considerar” aqu’Ele que tanto suportou, porque ainda não tinham sido chamados para ir tão longe. Da mesma forma, seguindo o exemplo do Senhor, devemos viver e servir a Deus com o pensamento de agradá-Lo (Hb 13:21) e, um dia, ouvir o Senhor dizer: “Muito bem, servo bom e fiel ... entra no gozo do teu Senhor” (Mt 25:21). Precisamos ter esse tipo de compromisso com a vontade de Deus, mesmo que isso signifique que nossa vida termine em martírio.