terça-feira, 11 de junho de 2019

O SACERDÓCIO DE CRISTO (vs. 14-15)


O SACERDÓCIO DE CRISTO (vs. 14-15)

A segunda coisa que Deus usa para nos preservar no caminho é o sacerdócio de Cristo. O escritor diz: “Visto que temos um grande Sumo Sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão”. Ele chama o Senhor Jesus Cristo de “grande Sumo Sacerdote”. Houve uma longa sucessão de sumos sacerdotes na história de Israel, mas nenhum deles foi dito ser grande. Isso em si distingue Cristo de todos os outros. Ele “penetrou nos céus” para levar adiante Seu serviço sacerdotal na presença imediata de Deus no santuário celestial (Hb 8:1-2, 9:24). Isso também O separa daqueles sacerdotes do Velho Testamento, pois nenhum sacerdote naquela administração jamais subiu ao céu para ministrar! Aarão passava pelo átrio exterior do tabernáculo, pelo lugar santo, para o lugar mais santo de todos (o santo dos santos – v. 25 – ARA) uma vez por ano, mas o tabernáculo em que ele servia era um mero modelo do verdadeiro santuário no qual Cristo entrou e habita como nosso Sumo Sacerdote (Hb 8:5).
O uso pelo escritor do nome terreno do Senhor “Jesus” destaca o fato de que Ele é um Homem real que sabe o que é andar neste mundo. Como resultado, Ele pode Se relacionar totalmente com nossas circunstâncias como homens na Terra. O Senhor também é chamado de “o Filho de Deus” aqui. Isso enfatiza Sua divindade e significa que Ele tem todos os atributos da divindade. Esses dois nomes do Senhor indicam que Ele é humano e divino e O qualificam para ser nosso Sumo Sacerdote. Assim, temos Alguém não menos do que o próprio Deus (na Pessoa do Filho) como nosso Sumo Sacerdote! Com tal Pessoa no alto para interceder por nós (Rm 8:34) e nos ajudar em nossa jornada terrena (Hb 2:18), somos exortados a reter “firmemente a nossa confissão”. Como mencionado anteriormente, a permanência no caminho é a melhor maneira de demonstrar a nossa veracidade. Nossa “confissão” não é meramente uma confissão de Jesus como nosso Salvador; é a confissão de todo o nosso chamado celestial (Hb 3:1). Não devemos abandonar isso para seguirmos uma religião terrena, que é o que os hebreus foram tentados a fazer.
V. 15 – Ele diz: “Porque não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-Se das nossas fraquezas; porém Um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado [pecado à parte – JND]. Isso mostra que Cristo é plenamente capaz de Se compadecer de nós porque Ele é um Homem que uma vez viveu aqui neste mundo e foi testado e provado como nós somos. O escritor menciona dois tipos de provações que encontramos no caminho para nosso descanso eterno – fraquezas e tentações. J. N. Darby confirmou isso e disse: “Tentações e fraquezas não são a mesma coisa” (Collected Writings, vol. 23, p. 291). A diferença é: 
  • Fraquezas são provas ligadas ao nosso corpo físico.
  • Tentações são provas ligadas à nossa alma e ao espírito. 

Fraquezas são doenças, males e outros desafios em conexão com nossos seres físicos, resultantes do que o pecado tem feito na criação em geral (Lc 13:11-12; Jo 5:5; Rm 8:26; 2 Co 12:5, 9; 1 Tm 5:23, etc.) O Senhor não tinha fraquezas, pois Seu corpo era santo e não podia ser afetado pelos efeitos corruptores do pecado (Lc 1:35). Por isso, Ele nunca esteve doente. O Sr. Darby declarou: “Ao contrário do sacerdote judeu de antigamente, Cristo não estava envolvido em nenhum sentido com fraqueza” (Notes & Jottings, pág. 256). Alguns erroneamente pensaram que as fraquezas são necessidades humanas, como fome, sede e cansaço, etc. – o que o Senhor certamente experimentou (Jo 4:6, 7, 31-33). Mas estas não são fraquezas. W. Kelly disse: “Há uma noção muito prevalente entre os teólogos e seus seguidores de que o próprio Senhor bendito estava cercado de fraquezas. Onde essa afirmação é garantida na Escritura? Chamam de fraqueza um homem aqui embaixo comer, beber, dormir ou sentir a falta dessas coisas? ... ninguém seguramente deveria declarar algo de Cristo o que a Escritura não declara” (Christ Tempted and Sympathizing” págs. 45-46).
Embora o Senhor pessoalmente não tivesse fraquezas, Ele, no entanto, “tomou sobre Si as nossas enfermidades [fraquezas – JND] (Mt 8:17). Isso mostra que Ele não precisou experimentar a doença para ter compaixão de nós quando estamos doentes. Ele Se compadece e intercede por nós como nosso Sumo Sacerdote em relação às nossas fraquezas. Mas notemos que as fraquezas não são os pecados. O Senhor nunca irá se compadecer de nossos pecados; Ele sofre por nós quando permitimos pecados em nossas vidas, mas Ele não vai Se compadecer de nossos pecados. Assim, Ele é tocado com o sentimento de nossas fraquezas, mas não com nossos pecados.
Tentações, por outro lado, são coisas como: sofrer reprovação, opressão e rejeição, ter problemas na vida que pressionam nossos espíritos e produzem tristeza e desânimo, etc. Essas são coisas que afligem particularmente a alma e o espírito (1 Co 10:13, Tg 1:2, 12, 1 Pe 1:6). O Senhor certamente foi tentado com esse tipo de tentação. De fato, Ele foi tentado em cada teste com o qual um homem justo poderia ser testado – como diz o escritor: “como nós, em tudo foi tentado”. A nota de rodapé da Tradução JND traduz essa frase “de acordo com a semelhança da maneira em que somos tentados”. Por isso, Ele se compadece de nós em nossas tentações (provações) por tê-las experimentado em Si mesmo.
Em conexão com as tentações que o Senhor passou, o escritor abre uma exceção nas palavras: “Sem pecado”, ou como a tradução JND coloca: “pecado à parte”. Ao afirmar isso, ele alude ao fato de que há duas classes de tentações às quais os homens estão sujeitos, uma das quais o Senhor não participou. Esses dois tipos de tentações são: 
  • Tentações externas e provas nas quais fé e paciência de alguém são testadas. Estas são as provas externas que o inimigo procura usar para nos desviar do nosso chamado celestial. Todas essas são provas santas (Tg 1:2-12).
  • Tentações internas que resultam de uma natureza pecaminosa agindo em nós. Todas essas são provas profanas (Tg 1:13-16).

O argumento do escritor ao dizer “pecado à parte” em conexão com as tentações do Senhor é enfatizar o fato de que, embora tenha experimentado a primeira classe de tentações externas, Ele não experimentou a segunda classe de tentações pecaminosas, porque Ele não tinha uma natureza pecaminosa (1 Jo 3:5). A versão King James infelizmente diz “sem pecado”, o que faz parecer que o escritor quis dizer que o Senhor Se guardou de pecar em Sua vida. Embora seja certamente verdade que o Senhor não cometeu pecados (1 Pe 2:22), esse não é o ponto que está sendo levantado no versículo. Como mencionado acima, a frase deveria ser traduzida como “pecado à parte”. Isso significa que as tentações que Ele suportou não estavam na classe das tentações que têm a ver com a natureza pecaminosa. Isso, como já dissemos, é porque Ele não tinha uma natureza pecaminosa.
J. N. Darby disse: “Existem dois tipos de tentações; uma é de fora, todas as dificuldades da vida Cristã; Cristo passou por elas e passou por mais do que qualquer um de nós; mas o outro tipo de tentação é quando um homem é levado por sua própria concupiscência e seduzido. Cristo, claro, nunca teve isso” (Notes and Jottings, pág. 6).
Debilidades em nosso espírito, alma ou corpo não caracterizam o pecado (Mt 26:41), mas se deixarmos essas coisas nos levarem a um mau estado de alma, isso pode produzir pecado em nossas vidas, e Satanás tentará tirar vantagem do nosso baixo estado e fazer nos desviar do caminho. Portanto, é importante manter uma boa atitude quando somos tentados (Tg 1:2). Por isso, temos um Sumo Sacerdote que pode Se compadecer de nós em todas as nossas santas provações, mas Ele não vai se compadecer de nossos pecados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário