terça-feira, 11 de junho de 2019

QUARTA ADVERTÊNCIA CONTRA A APOSTASIA Capítulo 10:26-39 O Perigo de Pecar Intencionalmente


QUARTA ADVERTÊNCIA CONTRA A APOSTASIA
Capítulo 10:26-39

O Perigo de Pecar Intencionalmente

O escritor interrompe suas exortações para alertar sobre o perigo da apostasia mais uma vez. Na segunda metade do capítulo 10, ele adverte contra a apostasia (vs. 26-31), mas também encoraja os que têm fé a prosseguir (vs. 32-39). No décimo primeiro capítulo, continua a digressão dando exemplos daqueles que viveram pela fé nos tempos do Velho Testamento, antes de retomar suas exortações no capítulo 12:1.
Vs. 26-27 – Ele diz: “Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados”. O pecado intencional ao qual está se referindo aqui é a apostasia – o pecado predominante em toda epístola. Como já mencionado, a apostasia em que os hebreus estavam em perigo era a renúncia da fé Cristã e o retorno ao judaísmo. É algo que apenas um falso professante que nunca foi salvo faria.
Este versículo (v. 26) não está se referindo a um Cristão que retrocede e cai em pecado e assim perde sua salvação, como comumente pensado, porque os Cristãos não podem perder sua salvação (Jo 10:27-28, etc.) A pessoa em vista aqui é alguém que recebeu “o conhecimento da verdade” e, assim, foi iluminada por ela. Mas note: não diz que ela creu. Receber a verdade e crer na verdade são duas coisas diferentes. Alguns pensam que a palavra “(nós)” neste versículo indica que ele está falando de Cristãos, e consequentemente o escritor inclui a si mesmo. No entanto, como mencionado anteriormente, o uso do “nós” na epístola geralmente está se referindo aos compatriotas do escritor que eram judeus, como é o caso aqui.
Nem este versículo fala de um pecador que rejeita o evangelho. Rejeitar o evangelho certamente pode ser classificado como um pecado, mas não é o pecado em vista aqui. Essa pessoa é muito mais responsável do que o pecador que rejeita o evangelho. Ele adotou o evangelho externamente e professou ter acreditado, e depois jogou tudo fora. No capítulo 6, o escritor deixa claro que não há recuperação desse pecado intencional de apostasia. Onde poderia ser encontrado um sacrifício pelos pecados de um apóstata? Deus deixou de lado os sacrifícios judaicos e o apóstata, por si próprio, deu suas costas ao sacrifício de Cristo! Portanto, “já não resta mais sacrifício pelos pecados” de tal pessoa. Não há lugar para onde ele possa ir e nenhum sacrifício para o qual ele possa se voltar. Ele está condenado. J. N. Darby disse: “Seu sacrifício [o de Cristo] oferecido uma vez foi único. Se alguém que, após ter professado conhecer o seu valor, o abandonasse, não haveria outro sacrifício para o qual pudesse recorrer, nem jamais poderia ser repetido. Não restou mais sacrifício pelos pecados” (Synopsis of the Books of the Bible, em Hebreus 10). Tudo o que foi deixado para um apóstata é “uma certa expectação horrível de juízo” (v. 27). Tal pessoa se torna um “adversário” da verdade e, consequentemente, será devorado pelo irado juízo de Deus.
Vs. 28-31 – Para mostrar a seriedade da apostasia, o escritor compara esse pecado intencional com os pecados cometidos “à mão levantada [atrevidamente – ARA] na velha administração e mostra que é algo muito “pior”. Sob a Lei, a pessoa que presunçosamente desconsiderasse uma simples injunção era executada “pela palavra de duas ou três testemunhas”. Um caso em questão foi a infração do homem que reuniu gravetos no dia de sábado (Nm 15:30-36). Ele foi apedrejado até a morte, porque fez isso presunçosamente! Não era um pecado de ignorância pelo qual uma oferta pelo pecado poderia ser aplicada e a pessoa poderia ser governamentalmente perdoada (Lv 4:2; Nm 15:27-29; Hb 9:7). O escritor então diz: “De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano [comum – JND] o sangue do testamento, com que foi santificado, e fizer agravo [insultar – JND] ao Espírito da graça?” (v. 29) Se não havia remédio para um pecado intencional sob a Lei, quanto mais no caso de um apóstata que peca “atrevidamente” (intencionalmente) contra a graça de Deus!
Para enfatizar isso, o escritor menciona três coisas terríveis neste versículo que um apóstata faz quando renuncia à fé Cristã e retorna ao judaísmo. Primeiramente, ele pisa “o Filho de Deus!” Assim, não rejeita moderadamente a Cristo –ele decididamente O rejeita da maneira mais depreciativa. Tal maneira de rejeição é uma afronta à grandeza de Sua Pessoa. Em segundo lugar, considera “profano o sangue da aliança com que foi santificado”. Ao tomar o terreno Cristão, um crente que meramente professa é exteriormente santificado no que os estudiosos da Bíblia chamam de “santificação relativa”. (Veja Rm 11:16; 1 Co 7:14 e 2 Tm 2:21). Ser separado desta maneira não significa que uma pessoa é salva, mas que está em uma posição favorecida por meio de sua identificação com a companhia Cristã. O “sangue do novo concerto” foi derramado na cruz (Mt 26:28). A obra de Cristo estabeleceu o fundamento para a elaboração do novo concerto com Israel num dia vindouro. Nesse meio tempo, Seu sangue santifica todos os que fazem uma profissão de fé n’Ele, desse modo exterior. Renunciar à profissão que se fez é tratar “o sangue” de Cristo como “coisa profana”. Isto é uma desconsideração chocante daquilo que é extremamente precioso aos olhos de Deus e aos olhos de todos os que foram redimidos por ele! (1 Pe 1:18) Em terceiro lugar, o apóstata insultou “o Espírito da graça” – a Pessoa divina que veio de Deus para transmitir muitas verdades maravilhosas para nós e para nos conceder muitas bênçãos também maravilhosas.
É desnecessário dizer que ser culpado dessas coisas é muito mais sério do que ser culpado de recolher gravetos no dia de sábado! Se um julgamento severo foi executado contra um infrator sob a Lei por uma ofensa tão simples, certamente será imposto contra uma pessoa que faz essas coisas terríveis. Assim, o julgamento será proporcional à gravidade do pecado.
Vs. 30-31 – Enquanto naturalmente nos afligimos com tal incredulidade descarada, devemos abster-nos de julgar todos aqueles que apostatam. O apóstata deve ser deixado para ser tratado por Deus. Assim, o escritor nos dá uma palavra de advertência: “Minha é a vingança, Eu darei a recompensa, diz o Senhor”. E novamente: “O Senhor julgará o Seu povo”. Sua palavra final de advertência é: “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo”. Esta declaração solene foi calculada para falar à consciência de qualquer um que estivesse meramente professando crer, que estivesse pensando em se retirar da companhia Cristã e retornar ao judaísmo.

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