Vs. 14-15 – O escritor
segue em frente para dar uma segunda
razão pela qual Cristo Se tornou Homem e morreu – foi para anular o poder do
diabo sobre a morte. Ele diz: “Portanto
desde que os filhos têm carne e sangue comum, também Ele semelhantemente
participou destas coisas, para pela morte destruir [anular – JND] aquele que
tinha o poder da morte, isto é, ao diabo” (TB).
Antes da morte e
ressurreição de Cristo, Satanás empunhava “o
poder da morte” sobre os homens, fazendo-os temer o que estava além da
morte. Ele usou o medo da morte (“o rei
dos terrores” – Jó 18:14) a seu favor e manteve os homens em servidão e
medo. O poder da morte que Satanás tem não significa que ele tenha o poder de
tirar a vida de uma pessoa. Ele não pode matar quem ele quiser; só Deus mantém
o poder da vida e da morte em Suas mãos (Dn 5:23; Jó 2:6). Ninguém morre sem
que Ele permita. O poder da morte que Satanás usou nos homens é o temido poder
da morte – seu elemento de medo.
A boa notícia é que
Cristo não somente levou os nossos pecados em Seu próprio corpo no madeiro,
como nosso Emissário do pecado (1 Pe 2:24), mas Ele também foi à morte e despojou
o diabo de seu poder para aterrorizar o filho de Deus com a morte. Ele agora
está vitorioso do outro lado da morte declarando: “Eu Sou o que vivo; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o
sempre! E tenho as chaves da morte e do inferno [hades – TB]” (Ap 1:18 –
AIBB). Assim, Cristo venceu a morte soltando suas “ânsias” ou elemento de medo (At 2:24) para o crente iluminado que
enfrenta a morte. Ele desceu ao “pó da
morte” para conquistá-la (Sl 22:15) e deixou apenas “a sombra da morte” para o filho de Deus passar (Sl 23:4). Podemos
ser chamados a passar pela cena da morte, mas seu “aguilhão” foi retirado; podemos enfrentar a morte sem medo (1 Co
15:55).
A versão King James diz
que o Senhor morreu para “destruir”
o diabo, mas deveria ser traduzido como “anular”
(JND). (Veja também 2 Tm 1:10 – JND). O diabo claramente não foi destruído;
ele ainda está fazendo sua má obra hoje de enganar os homens, etc. Sua destruição
não ocorrerá até que o Milênio tenha terminado seu curso, quando ele for
lançado no lago de fogo (Ap 20:10). O que este versículo 14 está nos dizendo é
que o poder do diabo para aterrorizar os crentes foi anulado ou cancelado.
Satanás, normalmente, não perturba os incrédulos à medida que estes seguem seu
caminho de vida para uma eternidade perdida. Vendidos sob o seu engano, muitos
olham para a morte sem alarme, embora imediatamente após passarem por ela, haja
um tormento absoluto para eles (Lc 16:22-23). O salmista observa isso,
afirmando: “não há apertos na sua morte”
(Sl 73:4). Da mesma forma, o Senhor ensinou que Satanás (“o valente [homem forte – JND]”) faz tudo o que pode para manter “seus bens” (TB) (pessoas perdidas) “em paz” (Lc 11:21 – JND).
Nota: pelo fato de
Cristo Se tornar um homem para ganhar esta vitória sobre Satanás, existem duas
palavras diferentes usadas no versículo 14, que são usadas para resguardar Sua Humanidade
sem pecado. Quando fala dos “filhos”,
diz que eles são “participantes” de
carne e sangue. A palavra no grego traduzido por “participantes” (koinoneo)
significa um compartilhamento comum e igual em alguma coisa. Neste caso, o
compartilhamento deles na humanidade. Isso é verdade para todos os homens;
todos eles participam plenamente da humanidade – descendo até a natureza pecaminosa.
No entanto, quando fala de Cristo Se tornar um Homem, o Espírito de Deus leva o
escritor a usar uma palavra diferente ao dizer que Ele “tomou parte” (JND) (meteko)
no mesmo. Esta palavra no grego indica um compartilhamento em algo sem
especificar o grau que o compartilhamento alcança. Portanto, enquanto Cristo Se
tornou um homem plenamente (em espírito, alma e corpo), Sua participação na Humanidade
não foi tão longe a ponto de tomar parte do estado caído do homem, porque Ele
não tinha uma natureza caída pecaminosa.
V. 15 – Ele continua e
diz: “e livrasse todos os que, com medo
da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão”. Todos aqueles que
experimentaram essa libertação não poderiam ser os santos do Velho Testamento,
como muitos supõem. Eles viveram centenas, até mesmo milhares de anos antes de
Cristo conquistar essa vitória ao morrer e ressuscitar dos mortos. Eles viveram
com medo da morte e morreram nesse estado de escravidão, e nunca tiveram
livramento disso enquanto vivos. É claro que, uma vez que passaram pela cena da
morte, imediatamente ficaram em “paz”
e em estado de felicidade (Is 57:1-2). Todos esses estão se regozijando com o
Senhor agora em seu estado desencarnado. Mas aqueles de quem o escritor fala
foram libertados deste medo pela morte e ressurreição de Cristo. Eles teriam
que estar vivos na Terra no momento em que Ele ressuscitou dos mortos. Este
teria que ser o remanescente crente dos discípulos, a primeira geração de
crentes na Igreja. Eles eram judeus crentes no terreno do Velho Testamento
quanto ao seu entendimento e, portanto, viviam com “medo da morte”. No entanto, aprenderam, por meio do evangelho, da
vitória de Cristo sobre o poder de Satanás na morte (2 Tm 1:10) e, assim, foram
libertados desses temores. Quando eles foram mais tarde chamados a passar pela
morte como Cristãos, eles podiam enfrentá-la sem medo. De fato, todos que creem
em Cristo depois de Sua morte e ressurreição, e que foram iluminados pelo
evangelho quanto a essas coisas, têm essa mesma confiança.
Novamente, isso mostra
que a morte de Cristo é uma coisa triunfante, não uma derrota. E é algo que
nenhum anjo poderia fazer.