Uma Multidão Mista
Cinco Advertências Contra A Apostasia
A epístola foi escrita
principalmente para o remanescente da nação que acreditou no evangelho e
recebeu a Cristo como seu Salvador. No entanto, é evidente a partir dos avisos
incluídos na epístola, que parecia haver alguns entre esse grupo que eram crentes
meramente professos e de maneira nenhuma eram verdadeiros. Esses podem ter sido
atraídos pelas bênçãos externas ligadas ao Cristianismo (os poderosos sinais e
milagres, etc.), mas, infelizmente, não tinham fé verdadeira em Cristo. Era,
portanto, uma multidão mista.
Os judeus que assumiram
a posição Cristã estavam sofrendo perseguição de seus compatriotas descrentes
e, sob essa ameaça, estavam ficando desgastados e indecisos no caminho. Alguns
foram tentados a desistir e voltar ao judaísmo. Para aqueles que estavam
meramente professando crer, retirar-se do Cristianismo seria apostasia. A
apostasia é o abandono formal da fé que uma pessoa professou. Isso é algo que
somente um crente meramente professo poderia fazer e faria. É uma coisa muito
solene, pois uma vez que uma pessoa apostata do Cristianismo, não há esperança
de voltar em arrependimento. A escritura diz que recuperar tal pessoa é “impossível” (Hb 6:4-6). Uma vez que
havia alguns dentre eles que estavam em perigo de apostatar o escritor
apresenta, no decorrer da epístola, cinco
advertências distintas contra o afastamento do terreno Cristão e o retorno ao judaísmo
(caps. 2:1-4, 3:7-4:11, 5:11-6:20, 10:26-39, 12:16-27). Nessas advertências,
ele explica em termos inequívocos a fatalidade de tal passo e encoraja-os a
prosseguir no caminho Cristão com fé verdadeira, em vez de ser daqueles “que se retiram para a perdição” (cap.
10:39).
Alguns Cristãos pensam
que essas advertências ensinam que um crente pode perder sua salvação se se
afastar do Senhor. Eles apontam para passagens semelhantes como: Mt 7:21-23,
12:43-45, 13:5-6, 20-21, 24:13, 25:26-30; Mc 3:28-30; Lc 22:31-32; Jo 15:2-6; Rm
11:22; 1 Co 9:27, 15:2; Hb 6:4-6, 10:26-29, 12:14; 2 Pe 2:1, 20-21 para apoiar
seu argumento. No entanto, um olhar mais atento a essas passagens da Escritura
mostra que elas não estão falando de
verdadeiros crentes no Senhor Jesus Cristo, mas crentes meramente professos que
apostataram da fé Cristã. O problema que leva muitos a essa conclusão
equivocada é que eles não sabem a diferença entre desvio e apostasia. Ambas
as coisas se referem a uma pessoa se afastando de Deus, mas uma (apostasia) é
infinitamente pior que a outra. Um verdadeiro crente pode se desviar, vacilar
em suas convicções e caminhar distante do Senhor, mas não abandonará a fé e nem
rejeitará a Cristo, o que é apostasia.
Pode ser perguntado: “Por
que essas advertências relativas à apostasia seriam declaradas nas Escrituras,
que são escritas aos crentes, se não têm aplicação para crentes?” A resposta é
que os escritores divinamente inspirados do Novo Testamento estavam, em muitas
ocasiões, se dirigindo a uma multidão mista de crentes verdadeiros e de crentes
meramente professos, como é o caso desta epístola. Assim, suas observações
incluíam advertências para qualquer um que estivesse meramente professando fé
em Cristo e que estavam circulando entre os verdadeiros crentes. Tais
observações tinham a intenção de atingir as consciências dessas pessoas e
despertá-las para a necessidade de serem salvas. Eles são, assim, avisados de
que, se abandonarem a fé Cristã, na qual professavam crer, estariam perdidos
para sempre! A perseverança, portanto, é a melhor e mais segura garantia da genuinidade
de alguém (cap. 3:6).