domingo, 26 de maio de 2019

Por Que Deixar o Judaísmo?


Por Que Deixar o Judaísmo?

Para um judeu cuja mente está acomodada no judaísmo, toda a ideia de deixar aquela religião ordenada por Deus é inconcebível. Ele pergunta: “Por que alguém iria querer deixar aquilo que Deus estabeleceu como sendo o caminho correto e apropriado para os homens se aproximarem d’Ele em adoração? Seria desobediência!” A resposta é dupla: em primeiro lugar, porque aqueles sacrifícios judaicos, formas e ritos serviram ao seu propósito como sendo uma “figura” dos “bens futuros”, que agora foram cumpridos na vinda de Cristo (caps. 8:5, 9:11, 10:1). Os benefícios que fluem de Sua obra consumada na cruz não são apenas para os Cristãos, mas também para Israel e as nações gentias que serão abençoadas em Seu reino milenar vindouro (ver Collected Writings of J. N. Darby, vol. 27, pág. 385). Portanto, não há agora necessidade da “sombra” dessas coisas do judaísmo quando temos “a imagem exata das coisas” (cap. 10:1).
Em segundo lugar, Deus chamou uma nova companhia celestial de crentes à existência (a Igreja) que é separada e distinta de Israel, e que não tem necessidade de formas externas e rituais em sua aproximação a Deus. Antes que a fundação do mundo fosse estabelecida – e, portanto, antes que Deus chamasse Israel para um relacionamento de concerto Consigo – Ele propôs chamar este grupo celestial de crentes para fora do mundo e dar-lhes um destino celestial com Cristo. Deus não revelou isso nos tempos do Velho Testamento, mas esperou que a redenção fosse consumada na morte de Cristo na cruz. Depois disso, Deus enviou o Espírito para revelar este segredo o qual o Novo Testamento chama de “o Mistério” (Rm 16:25; 1 Co 4:1; Ef 1:8-10, 3:3-11, 5:32, 6:19; Cl 1:5, 25-27, 2:2-3).
O chamado e a formação da Igreja seriam um conceito completamente novo para os judeus, porque é algo que está fora do âmbito da revelação dada a eles no Velho Testamento. A formação da Igreja neste tempo atual não invalida de modo algum as promessas de Deus de abençoar Israel de acordo com o que os seus profetas ensinaram. Deus manterá a Sua Palavra para eles e os abençoará na Terra no reino milenar de Cristo. Em contraste com isso, a esfera de bênção da Igreja em Cristo é celestial. Assim, no reino vindouro, haverá duas esferas de glória e bênção para os homens redimidos – “no céu” e “na Terra” (Ef 1:10).
Judeus e gentios que creem no evangelho da graça de Deus hoje são selados com o Espírito Santo e, assim, fazem parte dessa nova companhia celestial. Visto que o chamado e destino deles é habitar eternamente com Cristo nos céus (1 Co 15:48-49; 2 Co 5:1; Ef 1:3, 2:6, 6:12; Fp 3:20; Cl 3:1-2; Hb 3:1, 8:1-2, 9:11, 10:19-22, 11:16, 12:22, 13:14; 1 Pe 1:4), foi-lhes dado “um novo e vivo caminho” para se aproximarem de Deus em adoração dentro do “santíssimo lugar” (AIBB) – a presença imediata de Deus (Hb 10:19-22). Isso é uma coisa espiritual (Jo 4:23-24), em oposição à adoração de Israel, que era predominantemente uma ordem externa de formas e rituais. Isto é porque a adoração de Israel foi concebida para uma companhia terrena de pessoas com um chamado e destino terrenal, enquanto a adoração Cristã é uma coisa celestial concebida para uma companhia celestial de pessoas. De muitas maneiras, essas são ordens contrastantes. Visto que os Cristãos estão na presença de Deus com esta sublime liberdade de se aproximar (“aproximemo-nos” – ARA) dentro do véu, no verdadeiro santuário no céu (Hb 8:1-2, 10:19-22), não precisam de um sistema de formas e rituais nem de uma casta de sacerdotes para se achegarem de Deus em adoração. Assim sendo, os crentes no Senhor Jesus que vêm da prática do judaísmo são exortados nesta epístola a deixar aquela ordem terrena para o “novo e vivo caminho” no Cristianismo, porque, quanto à sua posição diante de Deus, eles não são mais judeus, mas Cristãos (Gl 3:28; Cl 3:11).
Em um dia vindouro, quando o reino de Cristo for estabelecido, a ordem externa de adoração no judaísmo será usada novamente na Terra pelo Israel redimido para comemorar o grande sacrifício de Cristo na cruz – o qual eles aceitarão de bom grado (Ez 43-46). Mas hoje, para a companhia celestial (a Igreja), esse sistema terreno de aproximação a Deus simplesmente não é necessário – na verdade, é um obstáculo para os Cristãos (Hb 5:11-14). Portanto, os judeus que recebem a Cristo como seu Salvador (e são assim parte da Igreja) são exortados nesta epístola a sair “fora do arraial [acampamento] (TB) do judaísmo para ir a Cristo, que está atualmente fora desse sistema (Hb 13:13).

A ideia de deixar o judaísmo não é algo exclusivo do escritor de Hebreus. O próprio Senhor Jesus ensinou que quando Ele fosse rejeitado por Sua própria nação, Ele guiaria “Suas ovelhas” (verdadeiros crentes) para fora do aprisco do judaísmo, para o “rebanho” do Cristianismo, onde elas seriam unidas com “outras ovelhas” – crentes dentre os gentios (Jo 10:1-16). Isto não é algo que Ele fez durante a Sua vida e ministério na Terra, mas somente depois que todos os esforços do Espírito Santo para chamar a nação ao arrependimento (por meio dos apóstolos) falharam (At 1-7). Foi somente após a rejeição formal de Cristo pelos líderes da nação, demonstrada ao apedrejarem Estêvão (At 7), que Ele iniciou Sua obra de levar os crentes para fora do aprisco judaico.

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